A caderneta de poupança registrou perda de recursos da ordem de R$ 745 milhões em fevereiro deste ano, informou o Banco Central nesta sexta-feira (4). No período, as retiradas superaram os depósitos, algo que não acontecia desde abril de 2009, quando os saques somaram R$ 941 milhões, segundo números da autoridade monetária.
Em janeiro deste ano, a poupança ainda registrou mais entrada do que saída de recursos, no valor de R$ 275 milhões. Entretanto, em um período marcado por gastos com escolas e débitos do fim de ano, o ingresso líquido de recursos foi o menor em 21 meses. Em todo ano de 2010, a poupança recebeu um volume recorde de recursos (R$ 38,68 bilhões), apesar do baixo rendimento.
Em fevereiro de 2011, de acordo com o Banco Central, os depósitos de recursos na caderneta de poupança somaram R$ 95,4 bilhões, enquanto que as retiradas totalizaram R$ 96,14 bilhões. Ao fim do período, o saldo total de recursos depositados na poupança somou R$ 382 bilhões.
Acumulado do ano
No acumulado do primeiro bimestre deste ano, a poupança também perdeu recursos, "contaminada" pelo resultado de fevereiro. Nos dois primeiros meses de 2011, a perda de recursos foi de R$ 470 milhões. Trata-se do pior resultado desde os dois primeiros meses de 2006 - quando as retiradas superaram os depósitos em R$ 1,69 bilhão.
Crédito imobiliário
As aplicações em caderneta de poupança estão divididas em duas modalidades: Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) e a chamada poupança rural.
No caso do SBPE, 65% dos recursos devem ser destinados a empréstimos imobiliários, o que aumenta a disponibilidade de financiamentos para a compra da casa própria, e, na poupança rural, os recursos são canalizados para o desenvolvimento da agricultura.
Em fevereiro, a poupança rural registrou saída de R$ 362 milhões, e o SBPE teve uma retirada líquida (acima do volume de depósitos) de R$ 382 milhões no período. A saída de recursos da caderneta de poupança, portanto, não é positiva para o crédito imobiliário e para o setor agrícola.