São João movimenta R$ 300 mi nas 2 maiores festas do Nordeste

O resultado dessa combinação, ao ritmo do forró, é uma movimentação de dinheiro cada vez maior nas cidades-polo dos festejos.

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De festa de rua a uma indústria que fatura milhões e atrai turistas de todo o país. Assim pode ser descrita a mudança nas festas de São João no Nordeste. Embalados pelo bom momento econômico da região, os festejos juninos do interior surpreendem com suas estruturas grandiosas, patrocínios das maiores empresas do país e hotéis lotados de turistas.

O resultado dessa combinação, ao ritmo do forró, é uma movimentação de dinheiro cada vez maior nas cidades-polo dos festejos.

As duas cidades que disputam o posto de maior festa são Caruaru (PE) e Campina Grande (PB). Juntas, as duas promovem festas durante todo o mês de junho, recebendo, no total, público superior a 3 milhões de pessoas. Os dois municípios cidades devem movimentar cerca de R$ 320 milhões e criar até 25 mil empregos temporários, diretos e indiretos, segundo estimativas dos organizadores.

O São João deixou de ser uma simples festa para atrair grandes empresas e marcas, que aproveitam a ocasião para distribuir brindes e realizar ações de marketing.

Grandes redes de restaurantes também montam unidades temporárias no meio da festa, em busca do público das classes A e B que visita os locais.

Para atrair os turistas, os organizadores abrem mão da exclusividade do forró e contratam nomes consagrados ?na lista deste ano, por exemplo, estão o sertanejo Michel Teló e a banda baiana Chiclete com Banana.

Dois milhões de pessoas em Campina Grande

Em Campina Grande (a 132 km de João Pessoa), a expectativa é que 2 milhões de pessoas passem pelos 31 dias de festa e movimentem entre R$ 110 milhões e R$ 115 milhões neste ano. O investimento da Prefeitura é de R$ 6,5 milhões.

Realizado em uma área de 42 mil metros quadrados (equivalente a seis campos de futebol), no Parque do Povo, o São João de Campina Grande reúne grandes patrocinadores, como grupo Pão de Açúcar, Sky, Havaianas, Oi, Bradesco e Hyundai.

Segundo Gilson Lira, secretário de Desenvolvimento Econômico de Campina Grande, o São João no Nordeste se torna algo cada vez mais profissional, com crescimento na movimentação financeira ano a ano.

"O Nordeste vive um dos seus melhores momentos, e esse crescimento econômico se reflete no São João. A própria ascensão das classes econômicas faz com as pessoas viajem mais e gastem mais com esse lazer. O São João hoje é um evento totalmente profissional, de porte nacional, recomendado pelo Ministério do Turismo, que propaga o nome de Campina e das marcas que aqui investem para todo o país", disse.

Por conta da festa, a economia da região de Campina Grande (que engloba 60 cidades) fica inteira aquecida. "São gerados 3.000 empregos diretos e 12 mil indiretos. O São João é democrático, movimenta da base ao topo da pirâmide. Ganham desde os ambulantes, passando por mototaxistas, até os hotéis de luxo. Toda a cadeia é movimentada, e isso é fantástico não só para a cidade, mas para todo o Estado, pois, pela lotação que temos aqui, existem pessoas que se hospedam em João Pessoa para vir até Campina", afirmou.

Apesar da rivalidade histórica com Caruaru, o secretário deixa claro que a ideia é unir as marcas para criar um corredor do forró. "Enquanto o turista estiver vindo para cá, visitando Campina e Caruaru, que é nossa cidade irmã, todo o Nordeste ganha, porque ele passa por esse corredor da "nordestinidade", conhecendo nossa cultura e tradições."

Caruaru deve movimentar R$ 200 milhões

Do mesmo porte de Campina Grande, a feste em Caruaru (a 130 km de Recife) também reúne gigantes da propaganda nacional no pátio de Eventos Luiz ?Lua? Gonzaga, em uma área total de festejos estimada em 100 mil metros quadrados (equivalente a cerca de 14 campos de futebol).

Em 2011, um estudo da consultoria Grupo 6 Sigma apontou que o São João de Caruaru injetou R$ 181 milhões na economia local, com a passagem de 1,2 milhão de pessoas nos 30 dias de festa.

Já é tradição em Caruaru os 17 hotéis (e seus 696 leitos) ficarem lotados durante os fins de semana do mês de junho. No fim de semana de abertura dos festejos de 2012, a ocupação hoteleira chegou a 98%. Nos demais, a rede ficou 100% lotada.

Por conta da quantidade de leitos insuficiente para a demanda, é comum moradores próximos ao Pátio do Forró alugarem suas casas para turistas. Os preços chegam a R$ 4.000 por fim de semana, dependendo da localização do imóvel.

?Nossa perspectiva para 2012 é crescer em torno de 15% em relação a 2011?, disse o secretário de Desenvolvimento Econômico de Caruaru, Franco Vasconcelos, apontando para uma movimentação superior a R$ 200 milhões.

O estudo mostrou que o gasto médio individual diário de quem visitou a cidade foi de R$ 216. Boa parte do movimento e da grande circulação de dinheiro deve-se ao perfil comercial da cidade, que se tornou referência do polo de confecções do agreste pernambucano. Segundo a prefeitura, os festejos juninos geram aproximadamente 10 mil empregos temporários.

?O mês de junho é o segundo melhor mês do ano na cidade. Só o comércio gera 2.500 postos de emprego temporários, sendo que cerca de 20% sempre são efetivados. O São João é fundamental para o comércio não só da cidade, pois aqui é um polo. Além dos turistas que compram, com a economia aquecida, os pernambucanos também gastam mais?, disse Michel Jean, presidente do Sindicato dos Lojistas de Caruaru.

Sergipe tenta atrair turistas

A mais de 400km da disputa entre Caruaru e Campina Grande, Aracaju também têm crescido os olhos nos lucros do forró. Desde a última década, o Estado de Sergipe tem investido alto em atrações nacionais em busca de atrair o público do Sudeste. Mais próxima e com melhor malha viária, a cidade se apresenta como uma opção de melhor logística para quem quer conhecer o São João nordestino.

Segundo a Emsetur (Empresa Sergipana de Turismo), em 2011, o São João movimento R$ 45 milhões apenas no setor de turismo da economia sergipana, com a passagem de 300 mil pessoas durante as festas.

Para 2012, o Estado apostou numa maior divulgação dos festejos em feiras nacionais e internacionais. "Iniciamos o nosso trabalho de divulgação dos festejos juninos do Estado logo no mês de abril. Saímos à frente de vários estados nordestinos, que também têm tradição nesta época do ano", disse, em nota, o secretário de Turismo de Sergipe, Elber Batalha.

A expectativa é que a economia tenha uma movimentação de R$ 75 milhões neste ano. O ponto alto da festa na capital é o Forró Caju e o Arraiá do Povo, além do São João na cidade Estância, a 68 km de Aracaju.

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