Novas regras de crédito devem impactar na venda de veículos

Segundo Henrique Meirelles, prazos muito longos nos financiamentos tendem a contribuir com o aumento da inadimplência.

Vendas de veículos | Arquivo
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O Banco Central anunciou um pacote de medidas que vai mexer com o sistema de crédito para a compra de veículos. De acordo com o BC, este conjunto de medidas tem o objetivo de dar sustentabilidade à expansão do crédito e proteger tanto o sistema financeiro quanto o tomador de empréstimos. O pacote reduz a liquidez e inibe eventuais bolhas no crescimento do volume de crédito, pois elevou o requerimento de capital para as pessoas físicas com prazos superiores a 24 meses.

Segundo Henrique Meirelles, prazos muito longos nos financiamentos tendem a contribuir com o aumento da inadimplência. Estudo do BC mostra que em financiamentos de 1 a 2 anos, 1,5% dos tomadores de créditos deixam de pagar nos primeiros 12 meses. Nos prazos de 3 a 4 anos, o índice alcança 6%, e de 5 a 10 anos, ultrapassa os 10%.

Em evento realizado pela Fundação Getúlio Vargas, Meirelles disse, ainda, que o pacote para frear o crédito tem como objetivo aproveitar o bom momento pelo qual o país passa evitar que excessos tragam consequências indesejadas ao País daqui um tempo. ?Essas medidas têm de ser tomadas no período de expansão e não no período de contração; nesses momentos, ao contrário, o capital precisa ser usado. Tem de se construir provisão nos momentos de expansão. Começa-se a aplicar regras prudenciais visando prevenir que os problemas sejam construídos e venham a aparecer algum tempo depois", disse.

Para o presidente da Fenabrave, Sérgio Reze, apesar de impactar as vendas de veículos no país em 2011, as medidas adotadas pelo Banco Central foram bem aceitas por serem consideradas necessárias. ?A decisão veio na hora certa. Estamos com a ameaça inflacionária, tendo uma meta de 4,5% e uma realidade próxima dos 6%. Nosso superávit comercial estava tendendo a zero e a conta de transações correntes aumentava rapidamente. Por outro lado, o resultado do governo nas contas fiscais começava a diminuir, por conta dos gastos públicos. Estes fatores, somados ao câmbio muito valorizado e que implicava na perda de competitividade da indústria, demandavam uma atitude inevitável por parte do Banco Central?, avalia Reze.

Nas projeções da Fenabrave, conforme análise feita pela consultoria econômica MB Associados, o crescimento de vendas para 2010 deve atingir a marca dos 9,6% para o setor automotivo geral, ficando em 7,3% para automóveis e comerciais leves. Sem analisar os impactos das novas medidas, as perspectivas para 2011 já haviam sido ajustadas para baixo, apontando uma expectativa de crescimento de 5,9% para o setor como um todo e de 5% para automóveis e comerciais leves. ?Não temos ainda como avaliar os impactos das novas medidas nas vendas de veículos para o ano que vem, mas certamente isso ocorrerá, como é o objetivo do governo. Nossa expectativa é de que essas medidas sejam passageiras e que, tão logo o país esteja reequilibrado, as formas de crédito voltem aos patamares anteriores?, conclui o presidente da Fenabrave.

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