Relatório do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) divulgado nesta terça-feira (8) aponta que os reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste voltaram a baixar e armazenavam, na segunda (7), 28,43% da água que têm capacidade.
Esse índice é inferior aos 28,52% registrados pelo sistema em dezembro de 2000, pouco antes de o governo federal dar início ao racionamento de energia, em junho de 2001. No dia 6 de janeiro, as represas nas duas regiões estavam com 28,54% de sua capacidade.
Os reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste respondem por 70% da capacidade de produção de energia hidrelétrica no país. O baixo nível dessas represas aumentou nos últimos dias as preocupações quanto a um novo racionamento. O governo nega essa possibilidade.
A variação entre os dias 6 e 7 de janeiro foi ainda maior nos reservatórios da região Nordeste, segundo maior parque gerador de hidroeletricidade do país. Lá, o nível médio das represas caiu de 41,21% para 30,64%. Em dezembro de 2000, antes do racionamento, esse índice era de 59,33%.
A diferença entre a época do racionamento e agora é que o país conta com mais que o dobro de usinas térmicas para sustentar o consumo de energia. Elas são acionadas nessa época para ajudar a poupar água dos reservatórios e ajudá-los a encher novamente.
O problema é que está chovendo menos que o necessário e as usinas termelétricas do país já estão produzindo em capacidade máxima. O custo de operação das térmicas, de cerca de R$ 700 milhões por mês, será repassado ao consumidor e vai encarecer a conta de luz a partir deste ano.
Plano de energia
O secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, disse nesta terça-feira (8) que o aumento do custo com geração de energia térmica no país não vai impactar na redução de 20% na conta de luz prometida pelo governo federal a partir de fevereiro.
?[A operação das térmicas] não vai impactar nada. Os 20% [de redução na conta de luz] é estrutural?, disse Zimmermann ao chegar à sede do Ministério de Minas e Energia, em Brasília.
Em entrevista ontem ao Jornal Nacional, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse que a geração de energia térmica no país ? necessária por conta do baixo nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas -, vai custar cerca de R$ 400 milhões por mês aos brasileiros e levar a um aumento na conta de luz inferior a 1%.
Assim como Lobão, Zimmermann também negou risco de um novo racionamento de energia no país. Segundo ele, hoje há um ?equilíbrio estrutural? no sistema elétrico brasileiro.
?Não tem isso [de racionamento] porque nós temos um equilíbrio estrutural. É bem diferente do que nós tivemos em 2001. Lá tinha problema de falta de usina efetivamente, e falta de linha [de transmissão]. Hoje não tem. Hoje temos um problema conjuntural?, disse Zimmermann.