A área de Abastecimento da Petrobras fechou o primeiro trimestre com prejuízo, diferentemente do forte lucro da companhia como um todo, devido ao aumento do custo do petróleo e ao não repasse dessas elevações na comercialização de derivados. De acordo com o diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, os preços do petróleo tipo Brent registraram alta de 37% no primeiro trimestre, na comparação com igual período do ano anterior. Isso levou à perda de R$ 95 milhões da divisão de Abastecimento nos três primeiros meses do ano.
No primeiro trimestre do ano passado, o setor de Abastecimento havia tido um lucro de R$ 1,1 bilhão. O aumento do preço do petróleo no mercado internacional nos últimos meses tem sido provocado, principalmente, pela instabilidade política nos principais centros exportadores de petróleo no mundo: o Norte da África e o Oriente Médio. A Petrobras como um todo registrou forte lucro de R$ 10,9 bilhões no trimestre. Entre os fatores que contribuíram para isso, está o aumento de 7% na venda de combustíveis.
"Existe volatilidade no custo da matéria-prima e não está sendo repassada para o consumidor", afirmou Barbassa a jornalistas, durante encontro para comentar os resultados da estatal no primeiro trimestre, divulgados na sexta-feira. Barbassa, no entanto, não disse que a estatal gostaria de elevar os preços dos combustíveis de forma imediata. "Só repassaremos quando houver estabilidade no mercado (de petróleo)", afirmou.
A questão de um aumento ou não dos combustíveis pela estatal ganhou complexidade nos últimos meses devido à elevação da inflação no Brasil e os esforços do governo em tentar segurar qualquer aumento da pressão de alta em preços. O mercado de petróleo segue bastante volátil, mas poucos acreditam que a commodity retornará aos níveis pré-distúrbios no Oriente Médio e norte da África.
Apenas o câmbio foi responsável por um ganho contábil de R$ 2 bilhões no período, decorrente da valorização do real frente ao dólar. Isso porque muitas dívidas da empresa são atreladas à moeda americana. De acordo com Barbassa, a empresa também acelerou, no primeiro trimestre deste ano, a perfuração de poços do pré-sal na Bacia de Santos.
De 2007 a 2010, a Petrobras concluiu a perfuração de 20 poços na região. Apenas nos três primeiros meses, foram perfurados oito poços para a execução de testes de longa duração. "Isso é muito positivo para a empresa, porque a perspectiva que tínhamos está se confirmando. Temos uma produção esperada, por poço, de 20 mil barris por dia. Com essa produtividade, o custo médio acaba caindo", disse Barbassa.
Barbassa comentou também sobre o novo plano de investimentos da estatal, cuja aprovação foi adiada na reunião do conselho de administração da última sexta-feira após pedidos de mais detalhes e explicações. Segundo ele, não há uma data limite para a divulgação do novo plano, para o período 2011-2015. O diretor da Petrobras disse ainda que a empresa já captou cerca de US$ 8 bilhões no mercado internacional e em instituições financeiras para sustentar os investimentos da estatal neste ano, apesar de a Petrobras ter feito uma grande capitalização no ano passado.
"É uma visão de longo prazo. Temos que estar preparados para sustentar a implementação desse plano que é hoje o maior plano de investimentos de uma empresa no mundo", disse Barbassa, que afirmou que a Petrobras prevê investimentos de R$ 93 bilhões neste ano. No ano passado, os investimentos totalizaram R$ 76 bilhões de R$ 89 bilhões previstos.