O presidente do BC, Alexandre Tombini
A economia mundial ainda está no início do processo de transição, mas há sinais claros de que a recuperação está se consolidando e de que a crise financeira de 2008, aos poucos, vai ficando para trás, segundo avaliação feita pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, nesta quinta-feira (22), um ano após o anúncio da redução do programa de estímulos à economia norte-americana, que mexeu com todos os mercados.
Porém, para Tombini, ainda que haja sinais mais claros de consolidação da recuperação da economia mundial, a perspectiva de crescimento nos próximos anos é moderada. De acordo com ele, deverá ser maior que o observado nos últimos anos e inferior ao período que precedeu a crise de 2008.
?Por um lado, temos os Estados Unidos e o Reino Unido com perspectivas mais sólidas de recuperação econômica e à frente do processo de normalização das condições monetárias. Por outro, temos o Japão mantém ritmo de crescimento alimentado por um agressivo de expansão monetária, e a zona do euro deve voltar a crescer em 2014, ainda que de forma bastante tímida. Mas diante do risco de deflação, permanece a expectativa de que o Banco Central Europeu adote novas medidas de estímulos no curto prazo?, disse o presidente do BC, em evento de inauguração do novo escritório da agência Bloomberg.
?A expectativa de que novas rodadas de estímulos ainda estão por vir e isso é um dos fatores que podem estar contribuindo para a baixa volatilidade e a compressão dos prêmios de risco [diferença entre o rendimento de um investimento arriscado em comparação com um investimento seguro] que estamos observando nos mercados financeiros globais. Tem contribuído também para esse cenário o esforço de comunicação de política monetária empreendido pelos bancos centrais que tem logrado reduzir incertezas e aumentar previsibilidade de suas políticas?, afirmou.
Até então, os EUA têm conduzido uma política monetária ultra-expansionista, mas, com melhorias na economia, já cogitam mudanças. Uma política expansionista tem aumento da oferta de moeda no mercado para estimular investimos no setor privado. As ferramentas para isso incluem a compra de títulos, que colocam mais dinheiro em circulação, e a redução das taxas de juros, que deixa os empréstimos mais baratos.
Brasil em segurança
O presidente do BC reiterou que o Brasil já demonstrou que é capaz de atravessar essa transição com segurança. ?Temos fundamentos sólidos, instrumentos adequados, e nosso arcabouço de políticas monetária e financeira é resiliente e flexível?.
"O Brasil, em particular, tem robustos fundamentos econômicos e financeiros, é comprovadamente resistente a choques externos, possui colchões e instrumentos, e tem um sistema financeiro sólido e eficiente."
Uma dessas ferramentas de proteção citadas por Tombini é o programa de oferta de proteção cambial por meio de leilões de venda de swaps (que oferece proteção cambial no mercado futuro) de linhas de liquidez em moeda estrangeira.
"Num primeiro momento observamos uma forte demanda das empresas não financeiras para proteger seus compromissos com o exterior e dos investidores não residentes para proteger seus ativos no país. Mais recentemente, no entanto, temos observado certo arrefecimento da demanda. Por um lado, os swaps continuam sendo canalizados para empresas não financeiras e fundos de investimento. Por outro, os investidores não residentes reduziram ligeiramente a busca por essa proteção, não obstante continuem ampliando seu portfólio em ativos denominados em reais."