O real brasileiro encerrou setembro como a terceira moeda mais valorizada em relação ao dólar em um levantamento que analisou 27 divisas. No acumulado do ano, a moeda nacional registrou alta de 16,43%, ficando atrás apenas do rublo russo, que disparou 33,29%, e da coroa sueca, com valorização de 17,22%, segundo dados da consultoria Elos Ayta.
O desempenho das moedas estrangeiras foi influenciado por fatores distintos. No caso da Rússia, o rublo reagiu à política monetária do Banco Central local, que elevou os juros a patamares recordes para conter a inflação e sustentar a moeda. Já a coroa sueca se fortaleceu impulsionada pela recuperação econômica do país, que superou as expectativas no cenário europeu.
Diferencial de juros favorece Brasil
Para o economista Einar Rivero, fundador da Elos Ayta, o resultado brasileiro chama atenção por ser a maior valorização do real desde 2016, quando o ganho foi de 19,81%. Segundo ele, o diferencial de juros entre os Estados Unidos e o Brasil é um dos fatores centrais dessa alta. Com a redução das taxas no país norte-americano, cresce o apetite de investidores por ativos de maior risco em mercados emergentes. No Brasil, os juros elevados oferecem retornos mais atraentes, o que aumenta a entrada de capital estrangeiro.
Enfraquecimento do dólar
Outro ponto que ajuda a explicar o fortalecimento do real é o enfraquecimento global do dólar. O índice DXY, que mede a variação da moeda norte-americana frente a uma cesta de divisas, acumula queda de 9,86% no ano. Esse movimento beneficiou a maioria das moedas analisadas pela consultoria, que registraram valorização no período.
Moedas em queda
Na direção oposta, algumas moedas apresentaram fortes perdas. O peso argentino recuou 24,45% e a lira turca caiu 15,01%, sendo as maiores desvalorizações do ano. Rivero destacou especialmente o caso da Argentina: “Trata-se da maior desvalorização do peso desde 2023, quando a moeda despencou 78,0%”. O enfraquecimento da economia argentina, somado à derrota do governo Javier Milei nas eleições legislativas em Buenos Aires, contribuiu para o cenário de instabilidade.