As divergências entre o ministro da Fazenda, Guido Mantega, presidente do Conselho de Administração da Petrobras, e a comandante da estatal, Graça Foster, sobre os reajustes dos combustíveis, estão dando munição de sobra aos especuladores do mercado financeiro. Ontem, somente a convocação, por meio da agenda oficial do ministro, de uma reunião extraordinária do Conselho, foi suficiente para inflar os preços das ações da companhia. Com a expectativa geral de que a proposta de uma nova metodologia para a correção da gasolina e do diesel fosse discutida e aprovada, as cotações dos papéis da empresa, que estavam em baixa, inverteram rapidamente a tendência e passaram a subir mais de 1% na bolsa de valores.
Horas depois, diante da breve declaração de Mantega negando que os reajustes dos combustíveis seriam tratados na reunião do Conselho, as ações da Petrobras desabaram. Essa inversão de comportamento engordou os lucros dos especuladores de plantão, que vêm difundindo entre os investidores as vantagens de se negociar os papéis na estatal no dia a dia, enquanto Mantega e Graça Foster batem cabeça. As ações preferenciais (PN) da petroleira fecharam a terça-feira com baixa de 2,7% e as ordinárias (ON) cederam 3,6%.
?É inacreditável que a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), responsável por fiscalizar o mercado, ainda não tenha cobrado explicações do governo sobre o impasse na Petrobras. Como pode um assunto tão importante, que mexerá com o caixa da estatal, ser tratado de forma tão desorganizada??, questionou um analista. ?Em um país sério, a CVM já teria mapeado as oscilações dos papéis da Petrobras desde que se começou a discutir a questão do ?gatilho? de reajuste pedido por Graça Foster. Tem muita gente graúda ganhando com as divergências?, disse outro especialista.