Reajuste: Em vigor esse mês, novo mínimo beneficia mais classe C

Muitos trabalhadores que têm emprego com carteira assinada e ganham um salário mínimo integram a chamada classe C.

Nova classe C é a mais beneficiada com reajuste do mínimo | Reprodução
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Cálculos da consultoria Datapopular indicam que os consumidores da classe C serão os principais beneficiários do aumento do salário mínimo, já em vigor. Neste mês, o piso nacional foi reajustado em 14,13%, para R$ 622. Segundos a consultoria, isso representará um incremento de R$ 63,98 bilhões na economia. A maior parte desse valor, R$ 48,3 bilhões, vai ser incorporada ao orçamento das famílias da classe C.

Segundo o coordenador do Datapopular, Renato Meirelles, isso deverá ocorrer porque muitos trabalhadores que têm emprego com carteira assinada e ganham um salário mínimo integram a chamada classe C.

Nas contas do Datapopular, famílias cuja renda doméstica somada é, em média, R$ 2.341 estão na classe C. Esses recursos adicionais serão despejados no consumo, prevê Meirelles. "Essas famílias usaram o 13º para pagar dívidas e, agora, esse dinheiro novo dará fôlego aos consumidores."

É o caso do auxiliar de escritório Fernando dos Santos, 19. No primeiro emprego com carteira assinada, Fernando quer usar o dinheiro extra para pagar dívidas de Natal e, depois, se tudo correr bem, financiar uma moto. "Moro no Jardim Elisa Maria [na Brasilândia, na zona norte da cidade de São Paulo], levo mais ou menos uma hora para ir ao trabalho e uma hora para voltar. Quem sabe não uso a moto para ir para o trabalho?", planeja.

Com o salário, ele ajuda a mãe com os gastos em casa e quer terminar o ensino médio - ele está no segundo ano- para tentar uma vaga na universidade: quer ser analista de sistemas. "E ganhar melhor", planeja.

Os serviços, diz Meirelles, também estão na mira do consumo dessas famílias.

"Em 2001, de cada R$ 100 gastos por essas famílias,

R$ 49 eram usados em serviços. No ano passado, foram R$ 65 em cada R$ 100", diz.

Ainda segundo os cálculos da Datapopular, os consumidores de classes mais altas vão absorver R$ 3,19 bilhões, por conta do primeiro emprego e estágios dos jovens desse estrato econômico.

Já os de classes de renda mais baixas, das faixas D e E, absorverão R$ 12,47 bilhões.

Menos do que a classe C, diz Meirelles, devido à menor formalização no trabalho.

O economista José Márcio Camargo, da Opus Investimentos, é crítico desse incremento econômico.

"Esse dinheiro tem que sair de algum lugar. As empresas vão ter que deixar de comprar, de investir, para arcar com esses custos adicionais."

O resultado, diz, é que a renda total -e o consumo-não deverá aumentar tanto quanto se prevê com o aumento do salário.

"Com um lucro menor, as empresas poderão gerar menos empregos", afirma.

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