Queda de preços limita venda de algodão em todo Brasil

A queda dos preços do algodão fez produtores do Brasil limitarem as típicas vendas antecipadas

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A queda dos preços do algodão fez produtores do Brasil limitarem as típicas vendas antecipadas do setor, realizadas antes do plantio, o que poderá afetar a rentabilidade na atual temporada, apontaram especialistas e produtores.

Tradicionalmente, a comercialização antes do início do cultivo do algodão gira em torno de 60 por cento, mas neste ano está pouco acima de 40 por cento, observou Décio Tocantins, diretor executivo da Ampa, associação que reúne cotonicultores de Mato Grosso, maior produtor nacional.

Este tipo de negociação, comum também entre os sojicultores, permite que o produtor obtenha recursos para comprar os insumos que serão utilizados durante a semeadura e desenvolvimento das lavouras.

"Este é um indicativo de que a liquidez está baixa. O produtor esperava preços melhores... agora tem a incerteza dos mercados", afirmou Tocantins.

O diretor executivo da Ampa observa que a indústria têxtil, que fica com cerca de 60 por cento da produção local, está retraída e comprou menos do produtor, ajudando a pressionar as cotações no mercado interno.

O vice-presidente da Abrapa, associação que reúne os produtores de algodão, João Carlos Jacobsen, ressalta que este atraso pode ter algum impacto na renda do produtor em 2011/12.

"Nesta época já deveria ter vendido mais. Se não houver reação do mercado, o produtor pode perder rentabilidade, entre 10 e 15 por cento (sobre o que deixou de ser vendido)", afirmou Jacobsen. Mas ele ponderou que o impacto na safra total deve ser moderado.

O gestor do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), Daniel Latorraca, observa que as vendas começaram a perder força em agosto, em meio à volatilidade dos preços da commodity no mercado internacional.

Ele conta que a arroba chegou a bater 120 reais no Mato Grosso no pico testado em março, mas a maior parte dos negócios fechados até este momento saiu na faixa entre 70 e 80 reais por arroba. Atualmente, o preço oscila pouco acima dos 50 reais a arroba, segundo levantamento do Imea no Estado.

Os principais importadores da pluma brasileira neste ano são China, Indonésia e Europa, enquanto Espanha e Suíça que foram importantes compradores diminuíram sua participação, apontou Latorraca.

PLANTIO

A Bahia, segundo maior produtor nacional da pluma, que iniciou o plantio em novembro, está com os trabalhos atrasados por conta do excesso de chuvas nas últimas semanas.

Jacobsen disse estimar, na linha mais otimista, que o cultivo atingiu cerca de 30 por cento da área de 409 mil hectares prevista para o Estado, contra os 60 a 70 por cento tradicionalmente já cultivados nesta mesma época nos anos anteriores.

A despeito da queda nos preços, Jacobsen considera que o mercado deve se recuperar em função dos baixos níveis de estoques globais.

Já em Mato Grosso, o plantio está na fase inicial, tendo sido começado após o fim do vazio sanitário -período em que o cultivo é interrompido para evitar a propagação de pragas e doenças- em 30 de novembro.

O Imea estima a área cultivada no Estado em 755 mil hectares no atual ciclo, 4 por cento acima da safra anterior. Na primeira etapa, que corresponde a cerca de 60 por cento da área, devem ser cultivados 453 mil hectares. A segunda etapa do plantio em Mato Grosso -a chamada safrinha- ocorre entre janeiro e fevereiro, após a colheita da soja.

A produção brasileira de algodão em 2011/12 foi estimada em 1,93 milhão de toneladas, praticamente o mesmo volume da temporada passada, quando a produção foi recorde.

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