Após dois meses de alta, a produção da indústria nacional registrou queda de 0,2% em setembro, na comparação com o mês anterior, segundo dados divulgados nesta terça-feira (4) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na comparação com o mesmo período de 2013, a atividade fabril recuou ainda mais, 2,1%, a sétima queda seguida. Considerando o resultado de setembro, o setor acumula baixa de 3,7% no terceiro trimestre, de 2,9% nos nove primeiros meses do ano e de 2,2% em 12 meses.
“Esses dois meses de avanço observados em julho e agosto foram precedidos de quatro meses de taxas negativas. Ou seja, de março até junho, houve perda acumulada de 3,3%. É obvio que a gente tem uma melhora no ritmo nos últimos dois, três meses, mas isso ainda é insuficiente para recuperar as perdas observadas nos meses anteriores, especialmente em março desse ano”, disse André Macedo, gerente da coordenação de Indústria do IBGE.
De agosto para setembro, apenas 7 dos 24 ramos pesquisados registraram queda na produção. Os destaques negativos partiram de produtos alimentícios (-4,1%), de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-1,3%), produtos de metal (-2,6%) e de outros equipamentos de transporte (-2,7%).
Na outra ponta, estão a produção de veículos automotores, reboques e carrocerias (10,1%), de produtos farmacêuticos e farmoquímicos (10,1%), de produtos de borracha e material plástico (4,6%), perfumaria, sabões, detergentes e produtos de limpeza (2,3%), metalurgia (2,0%) e produtos diversos (6,3%).
Apesar de o desempenho de maior importância entre os setores que ampliaram a produção em setembro ter sido o de veículos automotores, reboques e carrocerias, o gerente do IBGE diz que esse crescimento "se deu sobre base de comparação mais baixa”. Mesmo assim, o resultado desse mês é o maior desde fevereiro de 2012.
Na comparação com setembro do ano passado, quando a queda foi mais intensa, o resultado foi distinto. A produção de veículos automotores, reboques e carrocerias, por exemplo, recuou 14,3%, bem como a de produtos alimentícios, com baixa de 6,7%. Segundo o IBGE, esses dois resultados representaram as maiores influências negativas para a indústria.
Também mostraram queda, mas com menor peso, produtos de metal (-11,4%), de metalurgia (-6,5%), de outros produtos químicos (-4,1%), de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-5,3%), de máquinas e equipamentos (-2,4%), de bebidas (-3,8%) e de outros equipamentos de transporte (-6,8%).
Entre as altas estão as das indústrias extrativas (9,4%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (7,0%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (8,5%) e impressão e reprodução de gravações (13,9%).
O gerente do IBGE explicou que observando o crescimento de 0,6% em agosto, 0,7% em julho e -0,2% em setembro, a indústria apresenta um saldo positivo de 1,1%, o que representa "uma melhora de ritmo especialmente quando consideramos que as últimas informações me dão perda acumulada de 3,3% [de março a junho]."
Na comparação entre 2014 e 2013, Macedo explicou que “permanece aquele cenário que a gente vem comentando: predominância de resultados negativos dando em conta do setor industrial operando abaixo do ano passado”. Ele ressaltou ainda que o efeito calendário para esse ano foi positivo, uma vez teve um dia útil a mais do que no ano passado. “E ainda assim a indústria apresenta resultado negativo.”
Categorias
Entre as grandes categorias econômicas, na comparação com agosto, a produção de bens intermediários caiu 1,6%, após avançar 1,9% no mês anterior. Na outra ponta, o segmento de bens de consumo duráveis cresceu 8,0%. Os setores produtores de bens de capital (1,9%) e de bens de consumo semi e não-duráveis (0,8%) reverteram os resultados negativos assinalados em agosto último: -0,1% e -0,8%, respectivamente.