A produção industrial brasileira avançou 18,1% no primeiro trimestre deste ano, na comparação com o mesmo período de 2009. Em março houve alta de 2,8%, na comparação com fevereiro. Frente a março de 2009, houve crescimento de 19,7%, quarto avanço consecutivo de dois dígitos nessa comparação. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (4) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Na comparação com o quarto trimestre do ano passado, a produção cresceu 3%.
No trimestre passado o avanço refletiu o desempenho positivo de 24 das 27 atividades e todas as categorias de uso, com destaque para o setor de veículos automotores (38%), em particular a fabricação de automóveis e caminhões. Houve ganho também nos segmentos de máquinas e equipamentos (42,1%), metalurgia básica (35,2%), outros produtos químicos (25,6%), produtos de metal (43,0%) e indústrias extrativas (19,1%).
Entre os segmentos que tiveram queda, por sua vez, o destaque foi para o de outros equipamentos de transporte (-11,3%).
Em março, na comparação com fevereiro, houve crescimento em 19 dos 27 setores industriais, com destaque para veículos automotores (10,6%), que superaram a perda de 5,6% acumulada nos últimos quatro meses. Além disso houve expansão nos segmentos de alimentos (5%), máquinas e equipamentos (5,2%), bebidas (7,6%) e celulose e papel (6,4%).
Sobre março de 2009, a produção da indústria cresceu em 25 das 27 atividades pesquisadas - refletindo, no entanto, a base baixa de comparação, devido dos efeitos da crise econômica internacional no ano passado.
Pré-crise
Os indicadores da atividade da indústria vem se recuperando e os níveis atuais já alcançam patamares de antes da crise mundial. No último dia 7, a CNI (Confederação Nacional da Indústria) informou que em fevereiro os índices de faturamento, horas trabalhadas, emprego e salários na indústria cresceram, na comparação com janeiro.
Também em fevereiro o faturamento real das indústrias cresceu 3,3%; em relação a fevereiro de 2009 a alta foi de 11,3%; os índices de horas trabalhadas e de emprego cresceram 1%em fevereiro (dessazonalizado).
Confiança
Apesar do ritmo positivo da indústria, a confiança dos empresários do setor para os próximos meses teve sua primeira queda em abril, após 14 avanços consecutivos. O ICI (Índice de Confiança da Indústria) da FGV (Fundação Getulio Vargas) recuou 1%, para 115,3 pontos, contra 116,5 de março.
O dado, registrado mensalmente pela FGV, mede a qualidade do ambiente de negócios no setor. Os indicadores de confiança são importantes balizas para avaliar o otimismo - ou o pessimismo - dos consumidores e das empresas com relação aos gastos e aos investimentos.
O IE (Índice de Expectativas) recuou 4,5%, de 115,7 para 110,5 pontos, refletindo um otimismo menor em relação aos próximos meses em todas as categorias - exceto materiais de construção.
As perspectivas para os próximos meses pioraram em todos os componentes do IE, principalmente o da tendência para a produção no trimestre seguinte - que ficou no menor nível desde junho de 2009. Das 1.194 empresas consultadas, 38,4% preveem aumento da produção entre abril e junho e 13,2%, redução. No mês passado esses indicadores eram de 45,1% e 7,9%, respectivamente.
Apesar da diminuição no indicador geral, este ainda se mantém em níveis comparáveis ao do período pré-crise global: em junho de 2008 o ICI estava em 115,4 pontos. A crise teve início em setembro daquele ano, com a quebra do banco americano Lehman Brothers.