O fim das férias coletivas e dos ajustes das linhas de montagem garantiram ao mês de fevereiro crescimento de 2,8% na produção de veículos, automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, em relação a janeiro deste ano.
O resultado positivo ganha mais importância por se tratar de um mês com menos dias úteis e sob a influência do feriado prolongado de Carnaval. Se não fossem tais fatores, o nível de produtividade seria ainda maior. Ao todo, saíram das linhas de montagem 253.176 unidades no período, contra 246.355 unidades veículos em janeiro deste ano. Na comparação com fevereiro de 2009, quando em momento de crise foram fabricadas 204.401, o aumento é de 23,9%.
Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (4) pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). De acordo com o presidente da Anfavea, Jackson Schneider, este foi o segundo melhor bimestre da história da indústria da automobilística nacional, só não superou o primeiro bimestre recorde de 2008 por ter menos dias úteis.
"Neste período tivemos 39 dias úteis contra 42 em 2008", afirma Schneider. Com o resultado, os dois primeiros meses do ano resgistram 499.531 unidades produzidas, volume 28,3% superior ao obtido no mesmo período de 2009. Somente de automóveis e comerciais leves já são 467.803 unidades, expansão de 26,8% em relação ao acumulado de janeiro a fevereiro de 2009, quando foram para os pátios das fábricas 369.035 carros.
A forte demanda do mercado brasileiro é o que impulsiona os números. Fevereiro foi recorde em emplacamentos de veículos, com 220.957 unidades vendidas – crescimento de 3,6% sobre janeiro e de 10,8% sobre fevereiro de 2009, de acordo com a Anfavea. "Começameos o ano com um mercado forte", diz o presidente da associação.
As exportações já mostram recuperação. Em fevereiro, foram vendidas ao mercado externo em valores US$ 830,1 milhões, montante 12,4% superior em relação a janeiro e 42,6% maior ao volume acumulado em fevereiro de 2009. No acumulado, as exportações somam US$ 1,57 bilhão, volume 53,9% acima do resultado registrado no mesmo período do ano passado, no ápice da crise internacional. Em unidades, as vendas ao mercado externo também subiram em fevereiro, de 48.755 unidades em janeiro para 57.510 em fevereiro.
O que representa aumento de 18%. Em relação a fevereiro de 2009, a expansão chega a 88,3%, já que na época haviam sido vendidas apenas 30.548 unidades. No acumulado o crescimento é ainda maior. De janeiro a fevereiro deste ano foram exportadas 106.265 unidades, contra 52.368 no mesmo período do ano passado. Assim, a recuperação das exportações chega a 102,9%.
"Houve recuperação. Alguns mercados estão voltando como tínhamos previsto e isso reflete o comportamento do bimestre. A recuperação ainda é lenta, mas é um bom retorno", ressalta Schneider. De acordo com a Anfavea, os principais compradores de veículos do Brasil que mais foram prejudicados pela crise internacional foram Argentina, México, União Europeia, Grupo Andino e Chile.
"A base do primeiro bimestre de 2009 foi uma das mais baixas da história recente. Mas já observamos o retorno de mercados, como o da Argentina, e isso significa que haverá um aumento natural dos produtos exportados”. Ainda de acordo com o presidente da Anfavea, outro motivo que impulsionou as vendas para o mercado externo foi a recuperação dos estoques, que ficaram baixos por causa da crise. Jackson Schneider esteve reunido com representantes do governo federal e estadual para discutir as questões das exportações, já que a indústria brasileira sofre com o câmbio, com os custos logísticos e impostos.
Segundo o presidente da Anfavea, a entidade pediu ao governo que facilite a estrutura apara exportação e que desonere este tipo de operação.O mercado de caminhões é outro que mostra a recuperação diante da crise. Em fevereiro foram produzidas 13.475 unidades, crescimento de 16,2% sobre janeiro, quando saíram das linhas de produção 11.595 caminhões. Em relação a fevereiro de 2009, o aumento chega a 79,9% - no período haviam sido fabricadas 7.491 unidades. No acumulado, a produção já soma 25.070 unidades, aumento de 66,5% sobre igual período do ano passado, quando foram fabricadas 15.057 unidades. O segmento de caminhões reflete diretamente a realidade da economia nacional, assim como da internacional.
Como o mercado vive de encomendas, o resultado está diretamente ligado ao crescimento econômico aguardado para os próximos meses. Emprego O nível de emprego na indústria automobilística nacional teve aumento de 0,5% em fevereiro na comparação com janeiro.
As montadoras empregam hoje diretamente 126.783 pessoas. Em fevereiro do ano passado, o nível era 1,9% menor, com 124.486 funcionários contratados. Estoque Segundo a Anfavea, a indústria e as concessionárias fecharam fevereiro com 256.705 unidades estocadas. Isso representa 35 dias de vendas. Para Schneider, o nível está acima do que é considerado saudável, no entanto, a explicação do alto volume está na preparação para a demanda esperada para o mês de março, impulsionada pelo fim da redução do IPI. 10 milhões de carros flex
O presidente da Anfavea anunciou ainda que a marca de 10 milhões de carros flex será atingida nesta quinta-feira. "Isso deixa claro a vitória e o sucesso dessa tecnologia", comemora. Previsões para 2010 A Anfavea permanece com a previsões para 2010 de vendas no mercado interno de 3,4 milhões de unidades, 530 mil unidades exportadas e a produção 3,390 milhões de veículos. Mas Schneider afirma que caso o governo decida mudar a política de crédito para o setor as previsões poderão ser ajustadas para cima.
Em abril deste ano, acaba o mandato de Jackson Schneider. Quem assume a presidência da Anfavea é o atual presidente da Fiat do Brasil, Cledorvino Belini. Schneider, que é da Mercedes-Benz, assumiu a presidência da entidade em 2007, sucedendo Rogelio Golfarb, executivo da Ford.