Embora o governo tenha se esforçado por meio do Banco do Brasil e do Nossa Caixa, os R$ 8 bilhões em crédito aos bancos das montadoras ainda não refletiram na ponta da cadeia automobilística, o varejo. Assim, com recuo de 25,7% nas vendas em novembro sobre outubro, para 177,8 mil unidades, a produção de veículos no Brasil registra queda de 34,4% no mês. De acordo com dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), divulgados nesta quinta-feira (4), saíram das linhas de montagem 194,9 mil unidades em novembro.
Na comparação com a produção de novembro de 2007, a redução chega a 28,6%. Como aconteceu em outubro, a queda do ritmo está diretamente ligada à produção de automóveis e comerciais leves (excluindo ônibus, caminhões e máquinas agrícolas). No último mês, foram fabricadas 176.774 unidades, queda de 35,7% sobre outubro, quando foram fabricadas 274.781 unidades. O resultado é o reflexo da restrição de crédito no setor, desencadeada pela crise financeira global.
Como até o mês de setembro a demanda foi alta, no acumulado de janeiro a novembro, a indústria automobilística nacional soma produção de 3,11 milhões de veículos, o que considera automóveis, comerciais leves, caminhões, ônibus e máquinas agrícolas. O aumento foi de 13% sobre o mesmo período do ano passado, quando chegaram aos pátios das fábricas 2,76 milhões de unidades.
Exportações
As exportações são afetadas diretamente pelas turbulências no mercado global. Em valores, as exportações caíram 23,1% de US$ 1,30 bilhão em outubro para US$ 1 bilhão em novembro. O setor já soma no ano US$ 13 bilhões em vendas externas, crescimento de 6,1% sobre o intervalo de janeiro a novembro de 2007, quando foram exportados US$ 12,3 bilhões.
Em unidades, as exportações diminuíram 28,4% na passagem de outubro para novembro, de 68.633 unidades para 49.156 unidades. No acumulado, há queda de 6,4%, de 733.394 veículos exportados no ano passado para 686.820 veículos de janeiro a outubro deste ano.
Férias coletivas
A produção foi ajustada para reduzir o volume dos estoques, tanto nos pátios das fábricas quanto nas concessionárias. Para isso, as férias coletivas foram antecipadas. A dúvida que fica no setor é se 2009 será um ano marcado por demissões. Os contratos em risco são os temporários, assinados para atender, principalmente, o terceiro turno e que vencem no primeiro semestre do ano que vem.
A primeira empresa a demitir foi a Volvo, que dispensou nesta segunda-feira (1º) 430 empregados da fábrica em Curitiba (PR), sendo 250 temporários e 180 efetivos. Uma das áreas mais atingidas foi a de produção de caminhões, que estava com dois turnos de trabalho desde agosto e voltará a ter apenas um turno. O segmento de cabines também perdeu um turno e, em vez de três, passará a trabalhar com duas equipes. Na divisão de blocos de motor serão mantidos três turnos de produção, já a de ônibus permanece com um turno.