O clima é de empolgação quando Suzy Delon, de 41 anos, Dandara Vital, de 31, e Beatriz Cordeiro, de 26, falam do Projeto Damas. Antes relegadas ao submundo da prostituição, os travestis orgulham-se ao narrar as superações e o modo como tiveram seus destinos transformados pela iniciativa pioneira da Prefeitura do Rio. O programa, voltado para a reinserção social e profissional de travestis e transexuais, está com as inscrições abertas para sua terceira turma.
Com duração de seis meses, o curso é ministrado por psicólogos, fonoaudiólogos, professores, juristas, médicos e especialistas em hormonioterapia, que ajudam os travestis a cuidar da saúde e se capacitar para o mercado de trabalho. Esta terceira edição traz uma novidade para as meninas: aulas de Inglês e noções de Informática.
? O objetivo é fazer com que os travestis entendam a necessidade de informação e de se capacitar. O curso quer, ainda, mudar a imagem que eles têm e acabar com a marginalização social que sofrem ? afirma Beatriz Cordeiro, que já se capacitou no Damas e, atualmente, é supervisora do projeto.
Durante o curso, as alunas recebem uma bolsa-auxílio de R$ 300 e um cartão do RioCard. Nos últimos dois meses, elas fazem estágio em diversos órgãos da Prefeitura do Rio e em ONGs conveniadas. A coordenação do proje$também mantém parceria com uma rede de supermercados e, dependendo do desempenho nas aulas e do perfil das alunas, os travestis são encaminhados para desenvolver diversas funções nas lojas dessa rede.
Dispensada do trabalho e expulsa de casa quando ?adequou o corpo à mente?, Dandara Vital encontrou na prostituição uma saída para a falta de oportunidade de um emprego formal. Nas ruas, ouviu falar do Damas, participou do projeto e, atualmente, abre um sorriso largo ao descrever suas conquistas e suas perspectivas.
? Sou auxiliar administrativo na ONG onde fiz estágio, na época do projeto. Também sou atriz e já estou ensaiando a minha quarta peça ? orgulha-se.