Poupança será dividida em duas; entenda as novas regras

Novas cadernetas terão remuneração diferente

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A partir desta sexta-feira, novas cadernetas de poupança ou depósitos feitos nessa modalidade terão uma nova regra de remuneração. O rendimento passará dos atuais 6,17% ao ano (mais a Taxa Referencial - TR) para 70% da taxa básica de juros (Selic), mas somente quando a Selic for igual ou menor que 8,5% ao ano - atualmente está em 9% ao ano. Para os clientes de cadernetas já existentes que realizarem depósitos a partir de hoje, os bancos vão criar duas contas-poupança: uma com o depósito feito até a quinta-feira (3) e outra com os novos ingressos de dinheiro - ambas sob o mesmo CPF.

No momento de fazer um resgate da poupança, o dinheiro sairá prioritariamente da mais nova, de acordo com o ministério da Fazenda. No entanto, se o valor a ser sacado exceder o montante, o que faltar será tirado da conta antiga. Por exemplo, o correntista que quiser sacar R$ 300, mas só juntou R$ 200 na nova poupança, terá retirado os R$ 200 da nova conta e R$ 100 da antiga. Toda essa operacionalização deverá ser providenciada pelos bancos onde o poupador guarda o dinheiro. O Diário Oficial da União publicou nesta sexta-feira a medida provisória que altera as regras da poupança.

No atual patamar da Selic, o rendimento da poupança permanece em 0,5% ao mês, o que dá um total de 6,17% ao ano acrescido da TR (que é determinada diariamente pelo BC). Esse pagamento de juros e TR é depositado na conta-poupança no dia do aniversário (se você depositou em 5 de abril, os dividendos são pagos em 5 de maio). O dinheiro aplicado e retirado com menos de 30 dias não rende.

As demais regras da aplicação serão mantidas: isenção de Imposto de Renda e direcionamento dos recursos da poupança para crédito habitacional e agrícola. De acordo com dados do BC, cerca de 98 milhões de brasileiro guardam dinheiro na poupança - 98,4% com menos de R$ 50 mil em aplicações. Até 26 de abril deste ano, a caderneta tinha R$ 431,3 bilhões em investimentos.

Juros

A opção do governo em criar um redutor para a remuneração da poupança atrelado à Selic abre caminho para o BC manter a política de redução da taxa básica de juros. Na semana passada, o BC indicou que deverá continuar reduzindo a taxa básica de juros, mas com "parcimônia."

Dentro da equipe econômica há avaliações de que o recuo da Selic para abaixo de 8,75% ao ano -menor nível já alcançado pela taxa - poderia estimular uma forte migração de outros investimentos para a poupança, cuja remuneração atual ficaria mais atrativa. Se houver essa migração para a caderneta, o governo poderia ter problemas até para se financiar, porque parte dos seus títulos públicos é remunerada pela Selic e poderiam perder atratividade diante dos investidores. Economistas concordam que a medida abre caminho para novos cortes do juro básico, mas se dividem quanto à velocidade com que isso possa ocorrer.

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