As companhias aéreas brasileiras atingiram taxas de ocupação acima de 90% em Fortaleza, representando um verdadeiro porto seguro financeiro para as maiores empresas do setor, como Gol, Latam e Azul. Segundo o jornalista Igor Pires, do Diário do Nordeste, esse cenário é impulsionado pelo aumento dos preços das passagens aéreas nos últimos meses.
De acordo com informações fornecidas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), no mês de agosto, a Gol alcançou uma taxa de ocupação de 95% em seus voos, enquanto a Latam registrou 88% e a Azul atingiu 91%. Para as três companhias, agosto se destacou como o melhor mês de 2023 em termos de ocupação das aeronaves.
No entanto, é importante destacar que a Gol teve uma redução de 33% no número de assentos entre janeiro e agosto deste ano, enquanto a Latam teve uma queda de 1%. Por outro lado, a Azul registrou um aumento de 13% nesse aspecto. Esse cenário resultou em um menor número de voos para Fortaleza e, consequentemente, em aeronaves mais lotadas.
COMO TUDO ACONTECEU
O ano de 2023 se inicia com uma grande debandada da Gol Linhas Aéreas de Fortaleza. Assim, com a enorme redução de assentos, naturalmente, para a mesma quantidade de passageiros, maior ocupação dos aviões. Latam e Azul não encontraram razões suficientes para fazer frente ao “desaparecimento” da Gol. Pelo contrário, não valeu a lei concorrencial. Inclusive, tivemos informações de que era, de certa forma, um alívio ter menos Gol em Fortaleza.
Naturalmente, as companhias teriam mais resultados financeiros (seria normal esperar isso) em Fortaleza, é tudo questão de oferta e demanda. Na época, todas as companhias aéreas foram anistiadas por lei do Governo do Ceará e não tiveram que pagar ICMS no combustível de aviação, inclusive a Gol, que deliberadamente, escolheu não se enquadrar mais na lei do hub. Daí todas as companhias, que descumpriram termos de quantidade de voos no Ceará, foram perdoadas.
Em um inacreditável movimento de banalização dos descontos de ICMS, surgiu o Decreto do Governo do estado N.º 35.547, DE 22 DE JUNHO DE 2023. A Gol, que pagava 12% de alíquota, está próxima de pagar apenas 6%. Para a Latam, que deveria ter mais voos e não pagava nada, o Governo diz (parafraseando o DECRETO acima): “olha não aumenta não, mas paga pelo menos um pouquinho de imposto, de 0% para 0,5%”. No fim das contas, Fortaleza é um supernegócio para Latam, Gol e Azul.
MINA DE OURO
Em agosto, as três companhias alcançaram uma impressionante média de ocupação de 91,33%. Esse índice é consideravelmente alto, especialmente para um mês que não é considerado de alta estação. Para efeitos de comparação, o Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, teve uma ocupação de 84% no mês passado.
A Latam, mesmo batendo seu recorde de ocupação no Brasil, conseguiu preencher "apenas" 84,9% de seus aviões, representando um aumento de 19,22% no número de passageiros em relação a julho de 2019. Certamente, isso traz grande satisfação e lucro para a empresa, marcando dois trimestres consecutivos de ganhos positivos.
Em Fortaleza, a ocupação média foi de 88%, bem acima da média da companhia, mas a empresa cresceu apenas 4,8% em julho. A Capital certamente é negócio de primeira para as companhias. O resultado é 1% a menos de assentos para os passageiros do Ceará voarem de Latam. Então, aqui se voa menos, as aeronaves saem abarrotadas de passageiros e se paga pouco imposto. A equação final é: poucos voos»muitos passageiros»pouco ICMS»sucesso financeiro para as companhias aéreas.
AZUL
Buscando ser instrumento da recuperação de voos, passaremos a sugerir, baseado apenas nos dados, quais trechos poderiam ganhar mais voos. Percebam como a Azul, na contramão, cresceu com alguma relevância entre agosto de 2022 e agosto de 2023. Os voos da companhia estão muito cheios, porém decrescerá em 12 partidas entre agosto e setembro deste ano.
A companhia teria condições de aumentar frequências para Congonhas, pelo menos uma diária. As outras duas companhias estão com voos para São Paulo lotados, havendo demanda. Voos para Campinas também deveriam ser incrementados, e só haverá mais frequências apenas em dezembro de 2023 e janeiro de 2024. A coluna procurou a Azul, mas até o momento não obteve nenhuma resposta.
LATAM
A Latam possui duas operações diárias para Congonhas. O número ainda é pouco, visto que a companhia opera há 2 meses com ocupação superior a 95%. A empresa já teve três operações diárias. Suas operações para Guarulhos operam com 94% de ocupação, havendo necessidade de mais operações. Suas duas operações para o Galeão (Rio de Janeiro) só giram com 93% de ocupação, mesmo com aumento de assentos (uso do A321). Só aí, Fortaleza merecia 3 novos voos diários, se mencionamos que Brasília opera com 92%, mereceria um 4º voo. Por que não aumentar os voos no Aeroporto de Fortaleza, em um momento de extrema necessidade?
Em nota, a companhia informou que “a Latam sempre avalia a possibilidade de novas rotas, de acordo com a demanda potencial de cada operação e o seu planejamento de malha aérea. Qualquer novidade confirmada será comunicada oportunamente pela companhia”.
GOL
As ocupações das partidas da Gol a partir de Fortaleza deveriam ser motivo suficiente para a empresa ampliar os voos na Capital. Em setembro, a empresa vai operar com dois mil assentos a menos. Serão extraordinárias 299 decolagens apenas (menos de 10 decolagens por dia), em agosto foram 339. Num cenário apontado como de crescimento do PIB de 3%, as companhias reduzem movimentação, mesmo com aviões abarrotados.
A coluna procurou a Gol para entender os motivos dessa redução e o interesse da companhia em ampliar as operações na Capital. Em nota, a companhia informou que em outubro e novembro, terá +9% de capacidade vs. setembro, com mais ofertas para RioGaleão (GIG) e Guarulhos (GRU).
"Já para a alta temporada de verão, a Companhia deve ter uma oferta adicional acima de 40% vs. setembro, com a retomada dos voos para Buenos Aires, operações sazonais para Manaus e Belo Horizonte e novos voos para Congonhas (CGH), Guarulhos (GRU), Salvador (SSA) e RioGaleão (GIG), todos para Fortaleza".
(Com informações da Coluna Igor Pires/Diário do Nordeste)