Com base nos reajustes médios dos planos de saúde, o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) estima que, em 30 anos, o convênio representará mais de 70% do orçamento, o que tornará inviável manter o plano.
A relação entre o reajuste dos planos de saúde, tanto os individuais quanto os familiares, e a inflação acumulada entre 2002 e 2012 apresentou um aumento de 38,12%, segundo um levantamento realizado pelo Idec.
Segundo o instituto, os planos de saúde continuam a ser corrigidos acima da inflação, ampliando ainda mais o distanciamento das mensalidades e da recomposição de renda do consumidor baseada no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), a inflação oficial do País.
Se essa diferença entre os índices continuar a mesma pelos próximos 30 anos, as mensalidades serão corrigidas em 163,49% acima do IPCA.
Com isso, um consumidor com renda mensal de R$ 3.000 que paga, hoje, R$ 210,07 de mensalidade do plano passará para R$ 2.196,28 em 30 anos. Isso porque, além do reajuste do plano, quando esse consumidor completar 60 anos, terá, primeiramente, mudado de faixa etária, e seu plano de saúde terá sofrido um acréscimo de 296,79%.
Ou seja, atualmente, apenas 7% do orçamento é comprometido com o plano de saúde, mas em três décadas, o valor da mensalidade do convênio representará 73,21% da renda.
De acordo com a advogada do Idec Joana Cruz, caso a projeção se concretize, será uma prática abusiva.
? A destinação de mais de 70% da renda de um consumidor ao pagamento do plano de saúde configura uma obrigação excessivamente onerosa, o que, de acordo com o CDC, é prática abusiva e passível de anulação pelo Poder Judiciário.
Há dois anos
O Idec realizou essa mesma simulação em 2010. Na ocasião, o índice de reajuste da ANS acumulado no período entre 2000 e 2010 apresentava um crescimento de 31,36% acima da inflação.
Na época, a diferença projetada para os 30 anos apontava um comprometimento de renda de 54,12% da renda do trabalhador.
Os resultados do último levantamento indicam que o reajuste dos planos individuais e familiares vem se distanciando ainda mais em relação ao IPCA, pois, em apenas dois anos, essa diferença cresceu em mais sete pontos percentuais.
Segundo Joana Cruz, a simulação leva em conta somente o reajuste dos planos individuais/familiares.
? Eles são regulados pela ANS e representam cerca de 20% do total dos mais de 48 milhões de consumidores de planos e seguros de saúde no País.