Planejar finanças ajuda a administrar dívidas e sair do vermelho; dicas

Os especialistas recomendam que, primeiro, o devedor faça um mapa das dívidas.

Dívidas das famílias só aumentam. | Reprodução
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Três cartões de crédito, uma comprinha aqui, um sapato ali. Quando chegavam as faturas, Alline Lima, 22, tentava administrar os gastos: a cada mês a assessora comercial deixava de pagar uma ou duas. Mas os juros faziam a conta crescer e, em três meses, devia R$ 4.000.

Histórias como a dela não são raras, principalmente com a facilidade de crédito, incentivada pela redução da taxa de juros.

Em maio, dados do Banco Central mostraram que a inadimplência subiu. Dos empréstimos a pessoas físicas, 8% apresentaram atraso superior a 90 dias no pagamento. Em abril, o número havia sido de 7,8%.

Mas, mesmo quando a situação é crítica, é possível sair das dívidas. Alline conseguiu, em um ano, com a ajuda de negociações e de uma planilha, voltar a ter estabilidade financeira --e hoje não usa mais cartões.

O método foi radical, mas especialistas dizem que, com um bom planejamento, é possível administrar as dívidas e se prevenir também.

Os especialistas recomendam que, primeiro, o devedor faça um mapa das dívidas.

Em seguida, deve elencar todas elas, da maior para a menor, e então fazer um cronograma para pagá-las, começando por aquela que tem a taxa de juros mais alta --e não a de maior valor.

Depois, "negocie, negocie e negocie", é a recomendação do educador financeiro Mauro Calil. "Quem não quiser negociar com você vai ficando para o fim da fila."

O passo seguinte é acelerar a capacidade de pagamento da dívida, com um trabalho extra ou com a venda de algum bem, como a coleção de discos de vinil, diz.

EMPRÉSTIMO

Um dos erros mais comuns é acumular dívidas e deixar que elas virem uma bola de neve, diz o professor da FGV-RJ Alexandre Canalini.

Segundo ele, só é vantajoso pegar um empréstimo para pagar uma dívida se os juros dele forem menores e, principalmente, se todo o dinheiro emprestado for destinado ao pagamento integral da dívida antiga.

"Se você deve R$ 1.000 no cartão de crédito a 12% ao mês e pega um consignado a 1%, pague seu cartão e passe a dever no consignado."

E os investimentos seguem a mesma lógica. Só vale ter dívida e manter o dinheiro aplicado se ele render mais do que o juro dela.

"Mas isso raramente acontece. Aí o ideal é se preocupar em pagar a dívida primeiro."

PREVENÇÃO

Para não ter novas surpresas depois de se livrar das dívidas, o educador financeiro Reinaldo Domingos ensina uma metodologia com quatro passos.

O primeiro é diagnosticar o que se ganha e o que se gasta por mês. "Em todos os nossos gastos hoje há, no mínimo, 20% de excesso."

Mas isso só adianta se houver sonhos. Então, discuta os sonhos da família e faça um orçamento, um pouco diferente da conta comum: o que se ganha menos quanto deve ser reservado para os objetivos. O que sobra pode ser gasto, e a reserva deve ser poupada de acordo com os sonhos, o quarto passo.

Depois, é adequar o padrão de vida. "Nunca tenha um cartão de crédito com limite superior a 50% do seu salário", aconselha.

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