A crise financeira no Brasil existe, mas a economia local não está estagnada. Prova disso é que a Junta Comercial do Estado do Piauí (Jucepi) registrou 1.849 empresas no mês de julho deste ano. De acordo com o levantamento, o Estado acumula 11.994 empresas abertas desde janeiro.
Desse total, os microempreendedores individuais (MEIs) correspondem a cerca de 65% dos novos registros. Os números refletem a confiança do empresariado em investir no Piauí, além da política de atração de novas empresas e também as medidas de desburocratização e simplificação do registro empresarial.
A presidente da Junta Comercial, Alzenir Porto, disse que o número de empresas que já foram criadas até o momento já se aproxima do total registrado durante todo o ano passado - 16 mil empresas - período em que o país vivia uma euforia de mercado.
Ela afirma que esse momento seria para que fossem registrados uma baixa do número de registros no que se refere a crise, mas devido a facilidade que é baixar um registro atualmente, em que em apenas dois dias, essa regulamentação é realizada, uma vez que, no ano passado, os empreendedores enfrentavam um sistema burocrático muito grande para abrir seus negócios.
“O principal motivo para esse resultado são os microempreendedores individuais, que tem encorajado bastante o mercado, principalmente os jovens, o público feminino que tem sido frequente pela busca do sistema.
As pessoas tem apostado mais em abrir o seu próprio negócio chegando ao faturamento de até R$ 60 mil/ano, podendo empregar até uma pessoa para ajudar no crescimento”, esclareceu.
Para ela, a partir do momento em que o Governo Federal estabeleceu que era necessário fortalecer o empreendedor, que saiu da linha da conforto e que possuíam uma tendência empreendedora deveriam ser incentivadas para montar seu próprio negócio ficou mais prática essa abertura.
“Esse é um mercado que tem crescido muito e ele é bom por que é sólido, você sabe onde esta pisando. No momento em que o empreendedor sabe onde está pisando e a partir daí ele só tende a crescer dentro do mercado”, afirmou.
Ela lembrou também que as grandes lojas nacionais de departamento têm investido no Estado após descobrir um potencial de mercado, acreditando no retorno do negócio.
“Nenhum empresário faz investimento para ter prejuízo até porque nenhuma grande empresa instala uma filial sem ter feito uma pesquisa de mercado antes e se certificado de que ela vai ter sucesso naquele local. O Piauí é um estado em que tem se pensado mais em empreendimentos comerciais”, acrescentou.
Alzenir Porto ressaltou que é importante olhar para a crise como uma oportunidade para encorajar o cidadão a investir no seu negócio, no que ele pode atuar em um ramo de sua identificação e que tenha afinidade. Contudo, ela lembra que é preciso fazer tudo dentro da lei e ainda buscar qualificação e orientações de especialistas na área.
“Muitas pessoas que, de repente, perderam o emprego neste momento de crise, podem pegar o dinheiro que receberam com sua rescisão e montar seu próprio negócio”, salientou.
“O mercado é formado praticamente por pessoas que têm até o terceiro grau e que continuam se qualificando”, disse Alzenir Porto.
A presidente da Jucepi diz que tem registrado nos últimos anos um grande número de empresas criadas por microempreendedores jovens e que acabaram de sair do ensino superior, mas que enxergaram todo um potencial empreendedor e, por isso, decidiram deixar de seguir a carreira profissional em que se formaram para apostar em seu próprio negócio. Ela lembrou que dependendo da afinidade com o trabalho, esse negócio pode crescer e gerar franquias.
“Os jovens, principalmente as mulheres, têm se destacado no mercado porque o negócio em que eles investem fazem parte da vida deles. Eles são consumidores, têm noção da moda e começam a pegar informações e se habilitam a montar as suas empresas. O mercado é formado praticamente por pessoas que têm até o terceiro grau e que continuam se qualificando”, disse Alzenir Porto.
A projeção para os próximos meses é que a criação de empresas continuem crescendo. Alzenir Porto declarou que desde que assumiu a presidência da Junta Comercial do Piauí, em janeiro de 2015, tem trabalhado para melhorar e facilitar a abertura das empresas que é feita em até 48 horas no máximo, além da implantação do serviço da criação de CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica) que será feita a partir de setembro na própria Jucepi.
“Hoje, o empresariado pode ficar tranquilo porque vai receber sua documentação dentro do prazo. Nós trabalhamos com uma linha de respeito e temos investido para melhorar o nosso serviço. Nós estamos julgando processos do dia anterior e quando chegamos julgávamos processos de 6, 7 meses atrás”, pontuou.
Identificação e paixão movem jovem a montar seu negócio
Laryze Carvalho, 23 anos, possui graduação superior em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo, mas sempre teve uma identificação e uma paixão muito forte pelo mundo da moda, por isso, decidiu abrir sua própria empresa no centro da capital.
Segundo ela, após concluir sua graduação sentiu a necessidade de trabalhar, foi quando percebeu que tinha todo um potencial empreendedor e decidiu que era hora de investir.
"Quando eu me formei percebi que com a área que eu escolhi não me identificava 100%, já que sempre fui mais tendenciosa para o lado da moda e desde mais nova eu tinha o sonho de ter meu próprio negócio.
Então, eu decidi que ia investir nesse objetivo e passei a estudar sobre o ramo, fazer pesquisas e me capacitar para abrir a loja", considerou a empresária.
Todo o processo para legalizar a empresa foi feito com o suporte de um contador. Ela salientou que a graduação lhe deu conhecimento no seu negócio já que ela teve noções de pesquisa de mercado, público-alvo e produto.
"Quando eu fui iniciar, escolhi que iria trabalhar com o público feminino, determinei a idade, pesquisei a melhor localização para o preço das peças que eu ia vender", acrescentou.
A empresária abriu seu negócio em meio ao período considerado de crise, mas afirmou que isso não foi motivo para desestimular seu ideal e revela que em menos de um ano a empresa já está dando resultados e pagando suas despesas como água, luz e aluguel, além do capital de giro para investir em novos produtos.
"As pessoas falam que eu fui muito corajosa porque abri minha loja dentro da crise e apesar de não poder comparar os lucros antes e durante a crise porque já entrei com ela, eu sinto que as vendas estão dentro do esperado para uma empresa que ainda não tem nem um ano de negócio", finalizou.