A Petrobrás realizou nesta segunda-feira, 10, uma megacaptação de recursos por meio de emissão de títulos no mercado externo. Segundo fontes do mercado financeiro, a estatal teria captado o total de US$ 8,5 bilhões.
A Petrobrás não comentou ou confirmou hoje, via assessoria de imprensa, a realização da emissão. A empresa disse que, caso a operação seja confirmada, só poderá se pronunciar após o encerramento de todo o processo, o que costuma ocorrer cerca de dez dias após a emissão.
A emissão tem como coordenadores o Bank of China de Hong Kong (BOCHK), BB Securities, Bradesco BBI, Citi, HSBC e JPMorgan.
Apesar da forte demanda pelos títulos emitidos pela companhia, as ações da Petrobrás registravam queda no pregão. Por volta das 15h30, as ações preferenciais recuavam 2,48% e as ordinárias, 1,81%. O temor gira em torno do custo que a operação terá para a empresa.
A captação ocorre em um momento delicado da empresa, em que o mercado levanta dúvidas sobre a situação financeira da companhia. No fim de fevereiro, a Petrobrás anunciou que o lucro do 4º trimestre recuou 19%.
Comentava-se, desde o início do ano, que a Petrobrás optaria por uma emissão no mercado local, por meio de debêntures de infraestrutura, do que dependeria, entretanto, um ajuste na lei 12.431 para que a petroleira pudesse enquadrar uma operação que abrangesse seus vários negócios.
Em maio de 2013, a Petrobrás protagonizou a maior captação de bônus em dólares por uma companhia da América Latina, ao vender US$ 11 bilhões nos mercados internacionais.
Com a emissão realizada hoje em dólar, a Petrobrás encerra as captações em moedas tradicionais da companhia em 2014, já que a empresa realiza apenas uma operação em cada moeda por ano, conforme vem repetindo publicamente o diretor Financeiro, Almir Barbassa. Em janeiro, a Petrobrás fechou uma captação em euro e libra equivalente a quase ? 3,8 bilhões, a maior que já havia sido feita na Europa por uma companhia de país emergente.
A empresa ainda poderá avaliar buscar recursos também em outros países, como China, Japão e Canadá, caso haja condições de mercado favoráveis. Mas, até janeiro, Barbassa adiantara que esses mercados alternativos ainda não haviam se mostrado interessantes para a companhia.
Em janeiro, a demanda de investidores ficou cerca de três vezes acima do montante captado, com equivalente a US$ 15 bilhões.
Em 2013, a empresa captou ao todo cerca de US$ 20 bilhões. No ano passado, portanto antes das deste ano, a Petrobrás havia estourado seus limites internos de alavancagem. O endividamento líquido sobre Ebitda estava em 3,52 vezes, enquanto o limite considerado confortável internamente é de 2,5 vezes.
Já o endividamento líquido sobre captação líquida estava em 39%, contra os 35% máximos considerados ideais.
A empresa tende a diminuir as captações nos próximos anos, à medida que aumenta a produção de petróleo e a geração de receita.