A Petrobras tem condições financeiras de cumprir o compromisso assumido junto aos sócios do campo de Libra, vendido ontem sem ágio em leilão, segundo o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, e fontes ouvidas pela Folha.
Com uma caixa de R$ 72 bilhões no final do segundo trimestre deste ano, e desinvestimentos da ordem de US$ 4,3 bilhões até outubro, a ordem de pagamento de R$ 6 bilhões não seria um grande problema.
Na sexta-feira, a estatal divulga o resultado do terceiro trimestre, quando será conhecida a sua posição de disponibilidade financeira atual. A expectativa é de que também seja anunciado um ajuste para os combustíveis da companhia, o que reduziria a pressão sobre o caixa.
O pagamento pelo campo de Libra, no pré-sal da bacia de Santos, no valor de R$ 15 bilhões, será feito no máximo em um mês. A Petrobras terá 40% do campo; as duas empresas chinesas CNPC e CNOOC, 20%, e a Shell e a Total 20% cada uma. O pagamento é proporcional à participação de cada empresa.
Lobão disse que ainda não foi discutido empréstimo ou aporte à empresa até o momento. No mercado, os rumores eram de que os chineses financiariam a parte da estatal brasileira em troca de petróleo no futuro, o que não foi confirmado pela Petrobras e nem por Lobão.
"Estou firme e confiante de que não será necessário (empréstimo)", disse o ministro. "A Petrobras tem plenas condições de prover suas necessidades financeiras", completou.
Além dos R$ 15 bilhões, o consórcio vencedor vai entregar ao governo, ao longo de 30 anos, 41,65% de todo o petróleo que produzir, depois de abatido os custos.
Segundo uma outra fonte ligada ao assunto, os chineses não costumam financiar seus parceiros, mas podem ter feito um acordo com a Petrobras para entrar como sócios também nas refinarias do Nordeste (Maranhão e Ceará), e processar o petróleo de Libra.