A Petrobras planeja investir US$ 174,4 bilhões ao longo dos próximos cinco anos. O anúncio foi feito na noite desta sexta-feira (23) pelo presidente da estatal, José Sergio Gabrielli, durante a apresentação do plano estratégico da empresa para o período entre 2009 e 2013. O valor representa um aumento de 55% frente ao do plano anterior da empresa, estimado em US$ 112,2 bilhões.
Segundo ele, em 2009, o objetivo é investir US$ 28,6 bilhões, levando em conta um preço médio de US$ 37 para o barril de petróleo do tipo Brent ao longo do ano. Para conseguir alcançar esse total, a empresa precisaria captar US$ 18,1 bilhões. Desse total, a empresa já teria garantido US$ 16,9 bilhões, advindos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e de um ?conjunto de bancos nacionais e internacionais?.
De acordo com Gabrielli, a meta da Petrobras é aumentar a produção média doméstica diária da empresa - incluindo gás natural - dos atuais 2,17 milhões barris de óleo equivalente por dia (boed) para 3,31 milhões de boed até 2013 - valor que é elevado para 3,65 milhões de boed somando-se a produção externa.
Para 20015, a meta doméstica da empresa é de 4,15 milhões de boed e para 2020, a idéia é chegar até 5,10 milhões de boed.
No entanto, segundo o presidente da Petrobras, a empresa espera conseguir reduzir o valor que precisa ser investido para conseguir realizar a carteira de projetos prevista no plano estratégico. ?Nós queremos reduzir os investimentos. Realizar todos os projetos com custo menor?, afirmou.
De acordo com o plano, o foco dos investimentos será feito na área de exploração e produção, com aumento de 71% sobre o valor investido anteriormente no segmento, com destaque para os projetos na área do pré-sal. Para os novos projetos do segmento, avaliados em US$ 47,9 bilhões, US$ 28 bilhões serão destinados ao pré-sal.
De acordo com a empresa, além do Sistema Piloto de Tupi, que iniciará produção em 2010, estão previstos para o período 2009-2013 três sistemas para produzir no pré-sal da Bacia de Santos, sendo Tupi 1 e Guará 1, em 2012, e Iara 1 em 2013.
No refino, a carga fresca processada no Brasil em 2013 será de 2,2 milhões de barris por dia. Com a estratégia de crescimento da produção, a empresa vai colocar em operação a Refinaria Abreu e Lima (Pernambuco), em 2011, a Comperj, em 2012, em 2013 a refinaria Premium I e em 2014 a Premium II.
O segmento de abastecimento, com 27% de participação, teve seus investimentos elevados para US$ 43,4 bilhões; gás e energia US$ 11,8 bilhões; internacional US$ 5,6 bilhões; distribuição US$ 3 bilhões; biocombustível US$ 2,8 bilhões; e corporativo US$ 3,2 bilhões.
Segundo a empresa, novos detalhes sobre o plano estratégico serão apresentados à imprensa na próxima segunda-feira (26).
Reunião no Planalto
Mais cedo, o plano da Petrobras havia sido apresentado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em reunião no Palácio do Planalto. Além do presidente, participaram da reunião preliminar os ministros da Casa Civil, Dilma Rousseff, da Fazenda, Guido Mantega, e de Minas e Energia, Edison Lobão.
Segundo interlocutores do Palácio do Planalto, o presidente informou à diretoria da Petrobras que parte dos R$ 100 bilhões aportados pelo Tesouro Nacional no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) estará disponível para os investimentos da estatal.
Projeções
Analistas de mercado já esperavam a ampliação dos investimentos, já que o novo plano inclui os gastos com a exploração nos campos do pré-sal.
Em um cenário hipotético elaborado pelo banco suíço Credit Suisse para a empresa gastar os US$ 22,8 bilhões previstos anualmente em seu plano anterior (2008-2012), ela deveria operar com petróleo em US$ 60 o barril.
Ao custo em torno de US$ 40 o barril, a estatal teria que captar aproximadamente mais US$ 8,5 bilhões para viabilizar os projetos que já estavam previstos para 2009, sem considerar os novos.
Considerando que a companhia fechou 2008 com captações em torno desta mesma cifra, sendo parte dela dentro da turbulência financeira do último trimestre, boa parte de especialistas do setor não via problemas nesta captação.