No final deste mês, o governo fluminense e a Petrobras receberão o primeiro relatório dos estudos que visam à geração de energia submarina para a região do pré-sal. Os estudos resultam de parceria estabelecida pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico do Rio de Janeiro (Sedeis) com a Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip) e a Usina Termelétrica Governador Leonel Brizola, da Petrobras. O trabalho será efetuado pela Onip durante um ano, como contratada da estatal brasileira.
A informação foi dada nesta quarta-feira (2/4) à Agência Brasil pelo superintendente da Onip, Carlos Soligo Camerini. Os estudos em curso consideram que, para produzir no fundo do mar, são necessários equipamentos específicos. ?A visão é que, em 2020, todos os equipamentos vão estar no fundo do mar?. Entre eles, destacou equipamentos elétricos como separadores, bombas de injeção, bombas de transferência de fluidos, entre outros. A Onip é uma entidade que reúne os segmentos que atuam no setor de óleo e gás, incluindo companhias exploradoras, fornecedores e agências de fomento.
Carlos Camerini confirmou que o atendimento à demanda de energia elétrica no fundo do mar, além de aumentar a produtividade no pre-sal, poderá reduzir os custos de exploração e produção. ?À medida que você vai indo para o fundo do mar [para maior profundidade], cada vez mais fundo, a quantidade de equipamentos tem que ser maior. As plataformas têm que crescer cada vez mais. E à medida que elas vão crescendo, o custo vai aumentando exponencialmente. Se puder eliminar as plataformas, você deixa de ter a preocupação de espaço, de peso. O equipamento no fundo do mar pode pesar o que quiser, porque vai estar no solo marinho, onde o peso não é problema. E você tem produtos hoje muito confiáveis. Não tem problema de onda, de vento, chuva, e as pessoas vão trabalhar no escritório. O comando vai ser todo robotizado, automatizado?, explicou.
Camerini disse que as tecnologias para produção de energia no solo marinho já são dominadas pelas empresas que fazem a produção no fundo do mar. Segundo ele, a previsão é que isso já estará ocorrendo no Mar do Norte após 2020, ?porque as profundidades são menores?, e até 2030 deverá ocorrer no Brasil, a até 3 mil metros de profundidade.
As opções para a geração de energia para exploração do pré-sal incluem levar para o fundo do mar os equipamentos que hoje estão na plataforma, o que significa ter um motor movido a gás no fundo do mar. Outra é o uso de correntes marinhas, em um sistema que poderia funcionar a uma profundidade de 200 ou 300 metros. ?Seriam boias submarinas, como se fossem ventiladores ao contrário, como são as turbinas de usinas hidrelétricas. Esse parece ser um movimento bastante forte?, disse Camerini.
As equipes pretendem agora desenvolver um pouco mais esses conceitos para passar os resultados para a Petrobras. Ao mesmo tempo, estão sendo analisados os equipamentos que vão usar essa energia, para ver as oportunidades para os fornecedores dos grandes fabricantes. ?Estamos mapeando as empresas que podem fazer isso no Rio de Janeiro, primeiramente?.
O governo fluminense pretende organizar o núcleo produtivo voltado para atividades no fundo do mar. Camerini informou que a busca inclui outros estados, para identificar empresas que não estão instaladas no Rio de Janeiro ainda e que possam ser atraídas pelo governo do estado. O setor produtivo internacional é objeto também de investigação. ?Ou seja, aquilo que não tiver no Brasil, mas que possa ser atraído para se instalar aqui?.
Os investimentos para os estudos que visam à geração de energia submarina para o pré-sal alcançam R$ 1 milhão e são oriundos de subsídios dados à usina térmica da Petrobras. Esse é considerado um dos principais desafios tecnológicos atuais. O estudo integra o Programa Rio Capital da Energia, que incentiva ações ligadas à inovação tecnológica, eficiência energética e redução de emissões de gases de efeito estufa.