A empresa japonesa de bebidas Kirin surpreendeu o mercado ao anunciar a compra do controle da cervejaria brasileira Schincariol, pagando R$ 3,95 bilhões por 50,45% das ações da empresa, mas o negócio pode representar o início de uma longa batalha jurídica.
A japonesa comprou a totalidade das ações da Aleadri-Schinni Participações, dos irmãos Alexandre e Adriano Schincariol --presidente da empresa.
Porém, uma parte da família, liderada por Gilberto e José Augusto Schincariol e detentora dos 49,55% restantes, é contra o negócio por acreditar ter o direito de preferência na compra das ações da Aleadri-Schinni.
O grupo minoritário contratou o escritório de advocacia Teixeira, Martins & Advogados, de Roberto Teixeira, compadre do ex-presidente Lula, para entrar com ação para tentar anular o negócio.
Com faturamento bruto de R$ 6 bilhões no ano passado, o grupo Schincariol tem a segunda maior operação de cervejas do Brasil, com cerca de 10,97% de participação, atrás da gigante AmBev (69,23%), segundo dados da consultoria Nielsen de fevereiro.
Havia tempos os irmãos Adriano e Alexandre tentavam se desfazer das ações, mas as negociações com a Heineken e SABMiller foram frustradas pela oposição dos primos. Eles chegaram a fazer uma oferta, que foi superada pela da Kirin.
A Kirin tem suas operações concentradas na Ásia (Japão, China, Taiwan, Vietnã, Tailândia, Cingapura e Filipinas) e na Oceania e faturou US$ 27 bilhões no ano passado. No Brasil, a presença é tímida, com linhas de saquê e molho de soja.
"Estamos convencidos das oportunidades que a Schincariol e o mercado brasileiro oferecem", disse Hirotake Kobayashi, diretor-executivo da Kirin, em comunicado.
"Com nossa experiência no desenvolvimento de produtos e nossa expertise em tecnologia, pesquisa e marketing, pretendemos acelerar o crescimento do Grupo Schincariol e ampliar a presença de suas marcas".
Dona das marcas de cerveja Nova Schin, Devassa, Glacial, Baden Baden e Eisenbahn, além de linhas de sucos, águas e refrigerantes, o grupo Schincariol tem 13 fábricas e 10 mil funcionários. A empresa registrou um lucro antes de juros e impostos (Ebitda) de cerca de R$ 500 milhões no ano passado.
"Estou feliz com essa operação porque a Kirin tornará a Schincariol mais forte e será o sócio ideal para a família, que permanece na operação, garantindo valor ainda maior para as marcas do grupo", disse Adriano Schincariol, em um comunicado.
O banco BTG Pactual coordenou a operação pelo lado da Aleadri-Schinni e o Citi, pelo lado da Kirin.