Panamericano não deu baixa em ativos vendidos

Segundo Alvir Hoffmann, problema foi identificado há seis semanas.

Ilustração. Faixada de um banco PanAmericano. | Divulgação
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O diretor de Fiscalização do Banco Central, Alvir Hoffmann, afirmou nesta quarta-feira (10), em entrevista à imprensa, que as inconsistências encontradas no balanço do Banco Panamericano, que resultaram na necessidade de injeção de R$ 2,5 bilhões na instituição financeira, foram identificadas há seis semanas.

O diretor do BC afirmou que há operações de carteiras de crédito que podem estar irregulares há três ou quatro anos. "Digo que tem carteiras no mercado que podem ter essa idade, mas não posso dizer neste momento há quanto tempo ele [o banco] vem fazendo [as supostas irregularidades]?, disse.

Segundo o diretor, o banco tinha uma diferença de cerca de R$ 900 milhões em seus ativos. "O rombo seria em torno de R$ 900 milhões. Ele tem que repor os R$ 2,5 bilhões para manter o capital em R$ 1,6 bilhão, que é o que precisa para continuar com o mesmo tamanho que o banco tem", afirmou.

Basicamente diz respeito a divergências entre os valores, em que o banco diz que vendeu e o valor que os outros dizem que compraram?, afirmou. ?Seria como se eu vendesse o automóvel e mantivesse ele no meu imposto de renda"Alvir Hoffmann, diretor de Fiscalização do Banco Central"Se o banco fosse liquidado, se fosse contabilizar essa inconsistência, que é em torno de R$ 2,5 bilhões, ficaria com o patrimônio negativo de R$ 900 milhões. Como o compromisso do controlador foi absorver todas essas inconsistências, ele fez essa operação de R$ 2,5 bi e colocou esse dinheiro à disposição para que fosse limpado o balanço do banco", explicou Hoffmann.

De acordo com Hoffman, foram encontradas divergências nas informações sobre operações de venda de carteiras de crédito do Panamericano. Nesse tipo de operação, o banco vende a outra instituição o direito de receber os valores emprestados aos clientes. Segundo o BC, foram encontradas diferenças entre os valores declarados pelo Panamericano e pelos bancos que adquiriram as carteiras.

?Basicamente diz respeito a divergências entre os valores, em que o banco diz que vendeu e o valor que os outros dizem que compraram?, afirmou. ?Seria como se eu vendesse o automóvel e mantivesse ele no meu imposto de renda."

?São operações volumosas, pacotes de operações que têm 10, 15 mil operações de pequeno valor, se concluiu que algumas operações que já estavam em outros bancos como operações adquiridas por outros bancos, remanesciam no balanço do banco. O banco vendia e não dava baixa daquele ativo.?

Hoffman não quis, no entanto, classificar como fraude as divergências encontradas. ?Se foi intencional ou não, eu não sei?, disse ele. "Não temos elementos suficientes ainda para entender por que fizeram isso".

Mais cedo, o Banco Central informou, em nota, que vai investigar o ocorrido no Panamericano. ?O Banco Central está tomando todas as providências cabíveis na situação, visando à investigação dos fatos e à apuração de responsabilidades, nos termos de suas competências legais de supervisão do sistema financeiro?, diz o texto.

Segundo Hoffman , não houve falha na fiscalização do Banco Central. "A fiscalização encontrou e rapidamente está resolvendo o problema. Quem falhou foi o banco. O Banco Central não fez nada de errado, quem fez foram eles", disse.

Quanto à possibilidade de o Banco Central liquidar o Panamericano em vez de ter liberado o aporte de R$ 2,5 bilhões, o procurador-geral do BC, Isaac Sidney Menezes Ferreira, afirmou essa não era uma alternativa.

"O BC só poderia liquidar uma instituição financeira que não tivesse condições de continuar ativa, o que não era o caso do Panamericano", declarou.

O diretor de fiscalização afirmou que o Banco Central vai ter pessoas atuando nas investigações diretamente no Banco Panamericano, mas se negou a dizer que a medida represente algum tipo de intervenção. "Não há intervenção branca, isso não existe. Essas pessoas vão aprofundar as investigações, mas o banco continuará a ter autonomia", afirmou.

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