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Nova regra do IR reduz imposto para quase 75% dos professores da educação básica, diz Ipea

Estudo do Ipea aponta que mais de 600 mil docentes deixarão de pagar imposto e terão ganho equivalente a um 14º salário.

Professor durante atividade em sala de aula com estudantes | Foto: Ana Marina Coutinho
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As mudanças no Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF), que entram em vigor em janeiro de 2026, devem beneficiar 73,5% dos professores da educação básica no Brasil. A estimativa foi divulgada nesta quarta-feira (17) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e considera docentes da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio, das redes pública e privada.

De acordo com o levantamento, mais de 600 mil professores deixarão de pagar imposto de renda com a ampliação da faixa de isenção para rendimentos mensais de até R$ 5 mil e a redução do tributo para salários de até R$ 7.350. Com isso, pouco mais da metade da categoria passará a ser totalmente isenta, enquanto parte dos demais terá diminuição da carga tributária. O impacto anual equivale, segundo o instituto, ao recebimento de um 14º salário.

Os dados constam do estudo ‘O imposto na ponta do giz: efeitos da reforma tributária sobre o IRPF de docentes da educação básica’

Segundo o Ipea, “a proporção de docentes isentos de IRPF aumenta de 19,7% para 51,6% após a reforma, enquanto 21,9% passam a ter redução da carga tributária, beneficiando cerca de 73,5% da categoria”.

A análise tem como base microdados de 2022 da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), que reúne informações de trabalhadores com carteira assinada e servidores estatutários. A mudança decorre da Lei nº 15.270/2025, proposta pelo governo federal e sancionada em novembro pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo o técnico de planejamento e pesquisa do Ipea Adriano Souza Senkevics, o efeito é resultado da atualização da tabela do imposto de renda. “Que estava muito defasada em termos de progressividade fiscal”, explicou. Ele também destacou o impacto econômico da medida, considerando a dimensão da categoria no país. 

“Existe, digamos, o chamado efeito multiplicador. Quanto mais renda disponível você tem para trabalhadores, mais isso se transforma em consumo e mais arrecadação.”

O estudo aponta ainda que os efeitos da reforma variam conforme o estado e o município, em razão das diferenças nos planos de carreira e remuneração. “A gente vai ter estados em que vai aumentar de 20% para 60% o percentual de professores isentos”, afirmou Senkevics, citando Minas Gerais, Tocantins e Roraima. No Distrito Federal, onde estão os maiores salários da categoria, a proporção de docentes isentos deve subir de 10% para 25%.

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