Mulheres estudam mais, mas continuam com salários menores, mostra IBGE

A maior escolaridade também não garante às mulheres ingresso em postos mais destacados

Mulheres | Arquivo
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As mulheres brasileiras trabalham cada vez mais, mesmo em idades mais avançadas, e estudam mais que os homens, mas ainda ganham menos em todas as posições na ocupação. A conclusão é da Síntese dos Indicadores Sociais (SIS 2009), feita com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) e divulgada hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No total, a participação feminina no mercado de trabalho brasileiro pulou de 42% para 47,2% entre 1998 e 2008. " Em todos os grupos etários analisados, a taxa de ocupação das mulheres aumentou, exceto entre as meninas de 10 a 15 anos, intervalo em que se registrou queda de 11,5% para 6,4%, resultado de algumas políticas federais de redução do trabalho infanto-juvenil " , ressalta o IBGE.

O estudo mostra que nesses 10 anos o número de mulheres entre 20 e 24 anos que só trabalham pulou de 38,1% para 42,1%. Entre os homens, o crescimento foi menor, de 63,6% para 64,7%. No grupo de 16 a 24 anos, a taxa de atividade das mulheres subiu de 53,6% para 58,3%, enquanto a dos homens caiu de 79,2% para 76,5%.

No total, de cada 100 mulheres, 52 estavam ocupadas ou procurando trabalho no ano passado. Entre as mulheres de 15 a 19 anos, a taxa era 42,5%, superior a de países latino-americanos como Argentina (22,3%) e México (24,9%), e a dos europeus, como Alemanha (27,8%), Espanha (24,8%) e França (11,4%). O percentual brasileiro fica perto dos 43,7% observados nos Estados Unidos.

" A taxa de frequência à escola deste grupo é 70%, ou seja, as jovens têm que conciliar estudo, trabalho e afazeres domésticos " , aponta a IBGE. As brasileiras também têm uma taxa de atividade maior que as europeias nas faixas de idade mais avançadas. Enquanto Brasil, México e Argentina se destacam no cenário internacional, com uma taxa em torno de 20%, a média de países europeus como Alemanha, França e Espanha fica abaixo dos 10%, o que o IBGE credita a sistemas de proteção social mais eficientes. A escolaridade média das mulheres também era superior à dos homens no ano passado, o que o IBGE atribui a uma entrada tardia no mercado de trabalho.

Em 2008, na área urbana, a média de escolaridade das mulheres ocupadas foi de 9,2 anos de estudos, enquanto, para os homens, foi de 8,2 anos. Na área rural, a média de anos de estudo, apesar de estar em patamares mais baixos, também é favorável às mulheres, de 5,2 anos, contra 4,4 anos para os homens.

Apesar do crescimento da participação feminina no mercado de trabalho, os homens ainda ocupavam, no ano passado, postos de mais destaque, principalmente entre as pessoas com 12 anos ou mais de estudo, o que equivale ao ingresso no nível superior. Em 2008, no Brasil, de cada 100 pessoas com 12 anos ou mais de estudo, 56,7 eram mulheres e 43,3 eram homens.

A maior escolaridade também não garante às mulheres ingresso em postos mais destacados. Enquanto 5,9% dos homens tinham posição de gerência no ano passado, apenas 4,4% das mulheres estavam nesse posto. Enquanto 15,8% das mulheres ocupadas eram trabalhadoras domésticas, com carteira ou sem carteira, apenas 0,8% dos homens ocupados pertenciam a essa categoria.

Em todas as posições na ocupação, o rendimento médio dos homens é maior que das mulheres. A maior diferença de rendimento médio é na posição de empregador, onde a renda média dos homens, de R$ 3.161, é 22% superior à média de R$ 2.497 obtida pelas mulheres. " A menor diferença entre os rendimentos de homens e mulheres é na posição de empregado sem carteira assinada, resultado das condições precárias dos trabalhadores empregados sem carteira " , diz o IBGE.

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