O governo argentino, do presidente recém-eleito Mauricio Macri, retomou o câmbio flutuante, após quatro anos de câmbio fixo. Isso é um sinal de mais abertura econômica do país que é o terceiro maior parceiro comercial e o maior comprador de produtos do Brasil. Há implicações a empresas, setores da economia e consumidores. No Ceará, o turismo puxa a força da relação entre nós e los hermanos. Com a mudança, fica mais caro para os argentinos virem ao Ceará, mas fica melhor para os cearenses irem à Argentina.
Dia 15 de dezembro, um dia antes do anúncio da mudança no câmbio, R$ 1 valia 2,53 pesos. Dia 17 de dezembro, passou a R$ 3,56 , uma desvalorização do peso frente ao real de aproximadamente 40%. Em termos comparativos, no dia 15, o turista brasileiro com R$ 1.000 teria aproximadamente 2.530 pesos. Dia 17, teria 3.560 pesos. São 1.030 a mais praticamente de um dia para o outro.
De janeiro de novembro de 2015, 4.654 turistas da Argentina chegaram a Ceará via Aeroporto Internacional Pinto Martins. Isso representa um número de entrantes 402% maior frente a todo o ano de 2014, conforme a Secretaria do Turismo do Ceará (Setur-CE). Ano passado, foram 1.284 argentino chegados por aqui.
O motivo desse impulso no número de visitantes é o voo direto semanal Buenos Aires-Fortaleza, operado pela Gol, que completou um ano dia 10 de dezembro de 2015. “O voo direto foi essencial para a atração desse mercado para o Ceará e colocou a Argentina entre os cinco maiores emissores internacionais para o Estado. Antes, a Argentina não aparecia nem entre os dez maiores mercados”, detalha a Setur-CE.
Curto e longo prazo
A passeio, a hoteleira Regina Vasconcelos, 53, vai de quatro em quatro meses a Buenos Aires. A última vez foi em setembro 2015. “Acabo vivenciando mesmo a cidade e tenho a percepção de que o meu dinheiro estava rendendo pouco por lá”. Em janeiro de 2016, vai voltar para visitar os familiares e já se anima com a possibilidade de ter um maior poder de consumo com a mudança no câmbio.
O consultor e sócio da SM Consultoria, Victor Leitão, ratifica haver vantagens aos cearenses em curto prazo. No entanto, ressalta que em médio e longo prazo, há uma tendência de a desvalorização do peso argentino elevar a inflação, deixando produtos e serviços mais caros, o que anularia o ganho do câmbio. “Também pesa a desvalorização do real frente ao dólar”.
O professor de economia internacional e de mercado de capitais, Ricardo Eleutério Rocha, também analisa que a manutenção das vantagens aos cearenses vai depender da estabilidade do dólar. “Dessa forma, é até possível voltar ao patamar de um ano atrás, antes da disparada do dólar, que já se valorizou cerca de 65%”.