O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse nesta segunda-feira (3) que é ?zero? o risco de faltar energia no país, por conta da falta de chuvas e queda no nível dos reservatórios de hidrelétricas. Ele anunciou, porém, que o governo já estuda novas medidas para evitar que a conta pelo maior uso das usinas térmicas e devido à alta no valor da energia seja repassada de uma vez aos consumidores.
"Estamos com mais de 40% [de armazenamento de água] nos principais reservatórios e não enxergamos nenhum risco de desabastecimento de energia. Risco zero?, disse Lobão após participar da cerimônia de posse de novos ministros, no Palácio do Planalto, em Brasília.
De acordo com o último levantamento do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), no domingo (2) os reservatórios do Sudeste e Centro-Oeste registravam armazenamento médio de 39,98%. As hidrelétricas dessas duas regiões são responsáveis por cerca de 70% da produção de energia no país.
Esse nível de armazenamento de água é bem próximo do verificado na mesma época do ano passado, quando também surgiram preocupações sobre o risco de faltar energia no Brasil ? sempre negado pelo governo ? e também quanto à alta na conta de luz.
Lobão disse que o governo acompanha ?muito de perto? os principais reservatórios do país. Segundo ele, porém, a situação neste ano é melhor que a do ano passado, quando a falta de chuvas também fez o armazenamento de água dessas represas caírem aos mais baixos níveis em anos.
Alta na conta de luz
Em situações como essa, de chuva abaixo do esperado, são acionadas as usinas termelétricas para poupar água dos reservatórios e evitar que aumente o risco de faltar energia durante a época de seca (inverno). Isso já vinha sendo feito desde o final de 2012, mas o governo esperava que, com uma boa quantidade de chuva neste verão, o uso das térmicas seria menor a partir de 2014.
Como essa previsão não se confirmou, a geração pelas usinas termelétricas continua alta. Mas essa energia produzida por elas é mais cara devido ao uso de combustíveis (óleo, gás), e a conta é repassada aos consumidores.
Para agravar essa situação, a falta de chuvas também elevou o preço da energia no mercado de curto prazo, que nesta semana está sendo vendida ao preço recorde de R$ 822,83 o megawatt-hora (MWh). Essa alta afeta distribuidoras que não têm energia suficiente para atender a seus mercados - e a conta também vai para a tarifa.
De acordo com Lobão, o governo já estuda uma ?solução semelhante? à adotada no ano passado para evitar o repasse automático desse custo bilionário (pelo uso das térmicas e pela alta no preço da energia), que tem potencial para causar grandes aumentos na conta de luz.
Para evitar isso, o governo decidiu bancar no primeiro momento, com verba do Tesouro, os gatos com termelétricas, que deveriam ser pagos pelas distribuidoras. E, ao invés de repassar a conta de uma vez aos consumidores, decidiu parcela-la em até 5 anos.
Em novembro, o site mostrou que a conta a ser paga pelos consumidores devido ao uso das térmicas já era, até agosto de 2013, de R$ 8,6 bilhões, valor suficiente para uma alta média de 8% nas tarifas de energia.