Faz três anos que Anielle Raquel Brandão e seus pais decidiram abrir uma empresa explorando o segmento do mercado erótico. A ideia de colocar uma sex shop foi baseada em um estudo anterior do mercado que teve o auxílio de um consultor de negócios do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-PI) e que juntos identificaram a oportunidade que surgia.
A partir de então, o negócio - que começou de forma tímida - foi ganhando espaço e conquistando uma clientela fiel e ávida por novidades.
A boa notícia é que as vendas do mercado erótico e sensual estão em alta e, só em 2012, registrou um crescimento de 15%. Os números foram revelados no último levantamento feito pela Associação Brasileira das Empresas do Mercado Erótico e Sensual (Abeme), divulgado no início de abril em uma grande feira de produtos eróticos que reuniu empresários, investidores e público consumidor em São Paulo.
O levantamento foi feito a partir de sondagem com os 998 associados da Abeme. A associação estima que os mais de 10 mil pontos de venda de produtos eróticos em atividade no país movimentaram cerca de R$ 1 bilhão no ano passado, com uma média de 8 milhões de artigos vendidos mensalmente, ante uma média mensal de 7,5 milhões em 2011.
Em Teresina, Anielle Raquel Brandão, proprietária de uma sex shop afirma que o público consumidor desses produtos eróticos é grande e tem aumentado a cada dia.
?No início as pessoas ainda vinham tímidas, com receios, mas hoje ainda há aqueles mais reservados, mas também tem pessoas que já estão vendo tudo com muita naturalidade e já chegam com uma ideia bem definida do que querem?, destaca a empresária.
Ela destaca ainda que são as mulheres as maiores consumidoras. ?Elas são muito curiosas, tem pessoas que tem vergonha de serem vistas e, para atender a essa necessidade de alguns clientes, nossa loja funciona inclusive aos sábados e domingos com a possibilidade de agendar a visita com horário reservado?, explica.
Para o estudante universitário Antônio Alves da Silva, 25 anos, as idas à sex shop sempre são interessantes e a namorada já se acostumou com os presentes.
?É interessante porque traz novidades para a relação, apimenta e ainda é possível comprar lingeries para minha namorada sem ter que entrar numa loja normal e ser visto de forma diferente.
Antes eu comprava com uma amiga que levava os produtos na casa da pessoa e depois passei a ir mesmo na sex shop porque as opções são ainda maiores?, conta.
Clientela é na maioria formada por mulheres
Apesar do crescimento expressivo, a alta em 2012 representa uma desaceleração em relação ao ano anterior, quando o mercado sensual brasileiro cresceu 18,5% em 2011.
Um grande marco do mercado erótico no ano passado, segundo as empresas do setor, foi o lançamento da trilogia de livros que falam de forma mais aberta de sexo, o best-seller "Cinquenta tons de cinza".
Segundo a Abeme, os itens eróticos citados nos livros como máscara, algemas e chicotes tiveram crescimento de venda de 35% no último trimestre do ano.
"Nós aqui na loja aprendemos a ver o que os clientes mais procuravam e hoje tudo que temos sendo comercializados são muito pedidos e procurados. Dentre eles os produtos de géis lubrificantes com sabor e as próteses e vibradores representam de 15% a 20% de tudo que é vendido.
Quando você enxerga o mercado e observa o que os clientes desejam é mais fácil agradar na escolha dos produtos e dos fornecedores", destaca o empresário Aldo Mendes Vieira, proprietário de sex shop na capital.
Os cosméticos, fantasias e demais produtos são procurados com muita frequência e além de vender para o varejo, a loja do empresário também trabalha com vendedores diretos com preços mais aTrativos que estimulam as vendas do atacado, como explica ainda Aldo Mendes.
"Todos os nossos produtos comercializados têm um giro satisfatório e recebemos mercadorias novas toda semana praticamente. Algumas pessoas que vendem revistas e catálogos aproveitam essa abordagem mais intimista para mostrar as novidades que adquirem aqui no sex shop e aceitam encomendas de clientes que preferem comprar esses produtos no conforto do lar e de forma discreta", conta.
Atualmente, além de sex shops que possuem lojas físicas, Teresina tem muitas sacoleiras que oferecem os produtos batendo na porta de casas e em salões de beleza.
Para a vendedora Solange Brandão, o segredo do negócio é explicar o produto em pormenores. "A maior parte das pessoas nunca viu as opções. É tudo novo.
Era muito oculto até uns anos atrás. E a gente age com naturalidade dizendo como se usar os produtos e de forma descontraída quebrando tabus e preconceitos", finaliza.
Junto com esse mercado da venda de produtos eróticos também surgem outros serviços que despertam o interesse do público. Este é o caso dos cursos de artes sensuais e massagens eróticas que têm também se popularizado.