A inflação mais baixa acumulada no primeiro semestre apresentou perfil diferente e foi influenciada pela redução da atividade econômica, em função da crise. A conclusão é da coordenadora de Índice de Preços do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Eulina dos Santos, que avaliou que a alta de 2,57% de janeiro a junho teve influência tanto dos alimentos, quanto dos preços administrados.
"O contexto da inflação neste ano reflete uma diminuição da atividade econômica, que fez com que o governo tomasse determinadas atitudes como a redução do IPI de carros e eletrodomésticos. No caso de outros itens, pode estar sendo influência de diminuição da demanda. O resultado do ano mostra certa diminuição da atividade econômica", comentou Eulina.
No ano passado, a inflação foi de 3,64% em igual período, influenciada principalmente pelos alimentos e bebidas, que subiram 8,64% no primeiro semestre. Este ano, a alta do custo dos alimentos não passou de 2,54% em espaço de tempo correspondente.
Habitação e despesas
Já os custos com habitação subiram 2,73% no primeiro semestre, ante 1,79% de janeiro a junho no ano passado. Artigos de residência ficaram 1,59% mais caros, contra 0,29% no primeiro semestre de 2008. Já as despesas pessoais aceleraram para 5,61% nos seis primeiros meses de 2009, ante 3,34% observados em igual período no ano passado.
"A inflação neste ano tem um perfil mais equilibrado entre os itens, ou seja, em 2008, os alimentos exerceram uma pressão muito forte. Já este ano, subiram menos, dividindo com itens administrados a influência da alta", afirmou a economista do IBGE.
Assim como em junho, cuja inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) subiu 0,36%, o leite foi o grande vilão no acumulado do semestre. Neste período, ficou 28,88% mais caro, exercendo a principal contribuição (0,29 p.p.) sobre a taxa acumulada.
Logo abaixo, vieram as pressões de itens não-alimentícios, como as mensalidades escolares, cuja alta de 5,16% significou contribuição de 0,25 p.p. no acumulado do semestre.
Cigarro
A elevação do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) impulsionou o preço do cigarro, que cresceu 27% de janeiro a junho, representando contribuição de 0,23 p.p.
Também tiveram forte influência no semestre as altas de 6,12% dos custos com empregados domésticos (contribuição de 0,20 p.p.) e de 6,12% das tarifas de ônibus urbanos, o que também representou contribuição de 0,20 p.p.
Ao mesmo tempo, exerceram pressão inversa, no semestre, os custos com carros novos, que caíram 5,90%, significando contribuição negativa de 0,16 p.p. Na esteira da redução do IPI para automóveis novos, os preços de carros usados recuaram 8,73% de janeiro a junho, com contribuição negativa de 0,13 p.p.
Eletrodomésticos
As alterações no IPI puxaram ainda, para baixo, os preços de eletrodomésticos, compostos na maioria por fogões, geladeiras e lavadoras. Este item ficou 4,29% dentro do IPCA do semestre, uma contribuição negativa de 0,05 p.p. A redução nos preços de carros e eletrodomésticos significou contribuição negativa de 0,35 p.p. no semestre.
Por outro lado, produtos que tiveram o IPI elevado responderam por uma contribuição positiva de 0,32 p.p no IPCA do primeiro semestre. Além do cigarro, foi aumentado o IPI sobre a cerveja, que subiu, nos bares, 3,64%, contribuição de 0,03 p.p.