O cardiologista Conrad Murray, que estava com o cantor Michael Jackson no momento da morte do popstar, ?não é suspeito?, declarou uma porta-voz do médico neste sábado (27), após um interrogatório de três horas em Los Angeles.
O doutor Conrad Murray ?ajudou a identificar as circunstâncias da morte e a esclarecer algumas dúvidas?, disse a porta-voz Miranda Sevcik em comunicado divulgado pela agência Associated Press. ?Os investigadores declararam que o médico não é um suspeito, mas uma testemunha desta tragédia?, segundo a nota. De acordo com a polícia, Murray ?deu informações que irão ajudar nas investigações?.
O comunicado diz ainda que o médico seguiu na ambulância que atendeu o cantor e ficou no hospital por horas ?confortando e consolando a família Jackson?. Ainda de acordo com a nota, Murray está em Los Angeles desde a morte do cantor e pretende permanecer até quando for necessário.
O médico, que atendia Michael Jackson havia três anos, estava sendo pago pela AEG Live, empresa organizadora da turnê de retorno de Jackson, planejada para acontecer em Londres. ?Como empresa, nós preferíamos não ter um médico contratado em tempo integral porque seria mais barato sem os hotéis e as viagens, mas Michael insistiu que ele fosse contratado e disse que tinha com ele uma relação especial?, afirmou Randy Phillips, presidente da AEG Live.
Segundo ele, a empresa adiantava dinheiro a Jackson para pagar os serviços de Murray como parte dos custos de produção do evento. O presidente disse ter questionado o cantor sobre o porquê de ele ter a companhia do médico 24 horas por dia. ?Ele me disse: ?olha todo esse negócio em torno de mim. Sou uma máquina, e temos que manter a máquina funcionando bem?. Você não discute com o rei do pop?, afirmou Phillips.
O passado do médico vem sendo levantado nos últimos dois dias, já que ele parece ser a testemunha-chave sobre o que de fato aconteceu na residência de Jackson na quinta-feira (25), dia de sua morte. De acordo com o jornal ?Los Angeles Times?, Murray estava aplicando técnicas para tentar ressuscitar o cantor quando os paramédicos chegaram para o resgate. Na gravação do pedido de socorro, um interlocutor afirma que o médico pessoal da vítima estava no local.
Cinco horas de exercícios físicos
O presidente afirmou que em fevereiro o cantor havia passado por uma maratona de cinco horas de exercícios físicos, exigidos pela seguradora do show. ?Nós disseram que ele passou com êxito no teste.? Baseado nesses resultados e no fato de que os shows da turnê ocorreriam todos no mesmo local, a AEG Live não estava preocupada com o histórico de problemas de saúde de Jackson.
?Não havia viagem prevista. Ele e as crianças ficariam morando em uma linda casa na periferia de Londres, e os shows aconteceriam num período de seis meses. Para ele, tudo isso parecia a forma perfeita de voltar.?
Phillips assistiu ao ensaio de Jackson na quarta à noite, e viu o cantor no palco por três horas seguidas. ?Ele estava dançando tão bem quanto os dançarinos de 20 anos ao redor dele ?ou até melhor. Pensei que esse seria o melhor show já produzido. Ele parecia ótimo!?
De acordo com o presidente, a AEG Live tem várias empresa de seguro envolvidas na organização do show, para o caso de cancelamento. ?Temos uma boa cobertura, mas muito vai depender do resultado dos exames toxicológicos. Precisamos primeiro saber qual foi a causa da morte.?
Segunda necrópsia
Após resultados inconclusivos da necrópsia realizada no corpo de Michael Jackson, a família do cantor pediu novos exames para que a causa da morte seja esclarecida. A informação foi confirmada a agências internacionais pelo porta-voz do Instituto Médico Legal de Los Angeles, Brian Elias.
Segundo o jornal "Los Angeles Times", a segunda necrópsia foi concluída, mas os resultados não foram divulgados.
De acordo com a Fox News, a família de Jackson esteve reunida próximo à sua casa, no subúrbio de Los Angeles, analisando como seria feito o sepultamento. Uma empresa de mudança foi enviada à mansão de Holmby Hills, onde Michael Jackson morava, para encaixotar e levar embora suas coisas.
Muitas caixas foram retiradas da casa neste sábado (27). Não há informações sobre o destino dos pertences do cantor nem registro do que exatamente já saiu da casa. Informações de janeiro deste ano, época em que Jackson se mudou para a mansão, dão conta de que o aluguel seria de R$ 100 mil dólares (o equivalente a cerca de R$ 190 mil), o que pode ter apressado a retirada de seus bens.
Resultados da necrópsia, realizada nesta sexta-feira, não indicaram "traumas externos" ou "circustâncias suspeitas" (de crime) no corpo do cantor, que morreu na quinta após sofrer uma parada cardíaca em sua casa em Los Angeles.
De acordo com Craig Harvey, porta-voz do Instituto Médico Legal de Los Angeles, "levará de quatro a seis semanas" para "fechar o caso e definir uma causa final da morte". O prazo é o tempo necessário para que sejam colhidos resultados dos testes toxicológicos adicionais.
Abuso de remédios
Em entrevista à rede de televisão CNN, na quinta-feira, o advogado e amigo de Michael Jackson Brian Oxman afirmou que o cantor fazia uso abusivo de remédios. De acordo com a Fox News, doses de um medicamento conhecido como demerol foram encontradas na casa de Jackson.
Semelhante à morfina, a droga é um derivado sintético do ópio, um anestésico forte e com risco de causar dependência.
Batizado no Brasil de dolantina, o medicamento - que tem uso restrito até mesmo em serviços de emergência médica - é indicado para alguns casos de dor intensa, como para pacientes que sofreram cirurgias, infarto agudo do coração ou espasmos durante trabalho de parto.
A própria bula recomenda, no entanto, que o remédio seja utilizado "sob rigoroso controle médico", pois pode "provocar dependência física" e tem, em sua lista de reações adversas possíveis, "depressão do centro respiratório", principalmente em caso de overdose.
Ainda segundo a Fox News, a polícia também encontrou doses de Xanax (controlador de ansiedade) e Zoloft (antidepressivo) na casa de Michael Jackson. Medicamentos semelhantes eram consumidos por celebridades como Heath Ledger e Anna Nicole Smith, mortos no passado recente por overdose de remédios.