Mantega: Brasil está “preparado” após mudança cambial na Argentina

A Argentina viu sua moeda perder mais de 11% do valor na quinta-feira, a maior desvalorização diária desde 2002

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O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta sexta-feira em Davos, na Suíça, que o Brasil "está muito bem preparado para volatilidades", ao ser questionado pela BBC Brasil se a crise cambial na Argentina preocupa o governo brasileiro.

A Argentina viu sua moeda perder mais de 11% do valor na quinta-feira, a maior desvalorização diária desde 2002, em consequência de mais uma medida de restrição à saída de dólares do país, com a limitação da compra em sites estrangeiros em no máximo US$ 50 ao ano. Desde o início do ano, o peso argentino já se desvalorizou em mais de 20%.

Com isso, existe o temor de um possível contágio da crise para o Brasil, além do efeito de prejudicar a competitividade internacional dos produtos brasileiros de exportação em relação aos produtos argentinos, que ficam mais baratos em dólar com a desvalorização do peso.

"O Brasil está muito bem preparado para essas volatilidades. Temos, por exemplo, muitas reservas, ao contrário de outros paises", disse Mantega, num intervalo do Fórum Econômico Mundial.

"Não sai dinheiro"

"Nós temos um mercado futuro que tem regulado o câmbio. Não sai dinheiro do país. Nós temos um fluxo muito bom para o país", afirmou. Segundo ele, o Brasil não tem problemas de fluxo de caixa, "tanto que nossas reservas estão mantidas no seu patamar".

Questionado sobre as políticas adotadas pelo governo argentino, Mantega afirmou que "cada país adotou suas políticas" e que, em sua avaliação, a volatilidade cambial nos mercados emergentes em geral é consequência de uma projeção de um crescimento menor da China, o que afetaria os preços internacionais das commodities.

"Está ocorrendo uma certa volatilidade no mercado de câmbio, em vários países emergentes, uns mais e outros menos. Isso é reflexo principalmente da expectativa em relação à China", disse o ministro, que em nenhum momento se referiu diretamente à Argentina em suas respostas.

"A expectativa de um crescimento talvez um pouco menor na China, coisa que não acredito, mexe com os países produtores de commodities, dos quais a China é compradora", disse. "Cai o cobre, cai o minério de ferro, e é isso que afeta o câmbio desses países", afirmou.

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