Está sobrando carro nos pátios das concessionárias e montadoras, e começam a pipocar algumas promoções aqui e ali. É o momento de aproveitar as ofertas e facilidades de pagamento? Especialistas dizem que sim. Mas como aproveitar?
Algumas dicas dadas pelos especialistas entrevistados são:
- tente pagar à vista;
- busque lojas nas periferias (elas tendem a ter estoques mais altos);
- e negocie juros menores.
De acordo com os consultores, quem tem dinheiro para pagar à vista tem mais poder de barganha. ?O consumidor que se preveniu e tem dinheiro na mão vai sorrir à toa. Está todo mundo desesperado pra cumprir metas?, afirma o consultor financeiro Alexandre Lignos. "Quem tem como pagar à vista consegue uma margem de desconto maior."
Segundo ele, é importante ir à concessionária ver preço e buscar concorrentes da mesma marca em locais fora de regiões centrais. ?É uma dica importante procurar concessionárias em bairros mais distantes, mais simples. A chance de fazer um bom negócio assim é maior, porque a tendência é que esse tipo de loja tenha mais produto em estoque e preços mais vantajosos?, aconselha Lignos.
O economista e professor da escola de Economia da FGV-SP, Samy Dana, ressalta também que o consumidor precisa ter em mente, na hora de barganhar, que o preço de tabela não é o preço final. ?Se você tiver dinheiro à vista consegue desconto maior, mas isso vai depender do carro e da montadora. O problema é que o consumidor não sabe a margem de lucro, mas o vendedor sabe. Então, consultar três lojas diferentes ajuda a chegar a um preço mais baixo?, alerta Dana. ?As margens de lucro no Brasil são altíssimas?, ressalta.
Embora muitas promoções pareçam ser "tentadoras", o economista aconselha o interessado a colocar todas as vantagens em um papel, para a tomada de decisão ser melhor. Perdas como desvalorização do modelo, seguro e manutenção devem entrar nesse cálculo.
Preços mudam pouco
Para aqueles que não têm dinheiro para pagar à vista, desconto significativo no preço em si pode ser mais difícil. O presidente da Associação Brasileira dos Concessionários Chevrolet (Abrac), João Batista Simão, destaca que os valores praticados hoje estão mais em conta do que os de três anos atrás.
?Não tem como fazer muita mudança neste sentido de reduzir preços. Estamos no limite?, ressalta Simão, que destaca que a margem de lucro dos concessionários não tem folga para descontos agressivos.
?A saída está com os bancos. Contamos com a desaceleração da inadimplência para a oferta de crédito voltar ao normal. Acreditamos que isso vá acontecer?, ressalta Simão.
Inadimplência fez estoques aumentarem
A alta da inadimplência no segmento de carros novos - e consequente aperto por parte dos bancos na liberação de crédito - fez com que concessionárias e montadoras chegassem ao fim de abril com estoques correspondentes a 43 dias de vendas. De acordo com a Associação Nacional das Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), 366.500 unidades ficaram em estoques no fim de abril. ?Precisamos melhorar o ritmo das vendas para reduzir os estoques", ressaltou o presidente da entidade, Cledorvino Belini.