No início do ano, o cenário era bem positivo para as empresas do varejo, entre elas o Magazine Luiza. Além da perspectiva da vacinação em massa e a eventual retomada das atividades presenciais, a expectativa dos economistas ouvidos pelo Banco Central para 2021 era de inflação em 3,34%. Por sua vez, os juros ficariam em 3,25%.
Naquele momento, a Selic mais baixa influenciava também para que mais investidores estivessem mais presentes na Bolsa, deixando a renda fixa em segundo plano.
No entanto, de lá para cá, o valor de mercado da varejista liderada pelo empresário Frederico Trajano saiu de R$ 162,8 bilhões, no dia 4 de janeiro, para R$ 44,6 bilhões, no último dia 2 de dezembro, de acordo com dados da Economatica compilados a pedido do UOL. Ou seja, o "valuation" atual da empresa corresponde a pouco mais de um quarto (precisamente 27,4%) sobre o início de 2021.
A companhia informou, na última semana, que o lucro ajustado de julho a setembro foi de R$ 22,6 milhões, com cerca de 90% de queda ante os R$ 215,9 milhões de um ano antes. Segundo a empresa, houve desaceleração nas vendas devido à redução do poder de consumo dos brasileiros, impulsionada pela disparada da inflação e dos juros. O cenário impactou principalmente as lojas físicas, que tiveram redução de 8% no período.
As despesas operacionais ajustadas do Magalu subiram a 20,6% da receita líquida, com alta de 1,1 ponto, em razão do salto das gastos com marketing em e-commerce e do menor lucro nas lojas físicas.
Contudo, ainda de acordo com a empresa, as vendas totais do Magazine Luiza, incluindo lojas físicas, e-commerce com estoque próprio e marketplace (3P), cresceram 12%, para R$ 13,8 bilhões, com destaque para o e-commerce, que avançou 22%. No ano passado, esse setor da companhia teve aumento de 148%.
O problema, ressalta o Magalu, é que as despesas totais aumentaram em proporção muito superior à do lucro registrado. Com os números, o resultado operacional da companhia medido pelo lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado caiu 37,5% no comparativo anual, a R$ 351 milhões.