Lojas em Teresina disfarçam juros para oferecer “falsos descontos”

De forma geral, o ideal é tentar poupar e fazer o pagamento à vista, negociando um desconto no preço de vitrine.

comércio em Teresina. | Reprodução Web
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A economia do país mudou muito nos últimos 10 anos e muitas pessoas passaram a ter acesso ao crédito e a adquirir objetos que foram desejos de consumo por um longo tempo.

Com a ascensão de muitos brasileiros à classe C, os eletrodomésticos, a exemplo de geladeiras mais modernas e televisores com tecnologia avançada e telas finas são os objetos de desejo que muitas vezes são adquiridos de forma parcelada.

Contudo, ao comprar a prazo, o consumidor está contraindo uma dívida que deverá ser paga num período pré- determinado e, por isso mesmo, os especialistas alertam que é preciso ter muita atenção.

Quando se parcela um determinado valor relativo à aquisição produto, além de pagar pelo que está comprando, o consumidor também pagará pelo prazo que lhe está sendo concedido. São os juros, único fator que estimula a concessão de crédito.

Os supermercados há muito tempo deixaram de comercializar apenas produtos relativos ao mix de alimentação e bebidas e têm variado, e muito, os produtos que vende.

A ideia de mega stores, advinda do conceito americano de trazer conveniência para que o consumidor possa adquirir tudo que precisa em um só lugar faz com que, além dos produtos comuns, também sejam encontrados por lá eletrodomésticos e eletroeletrônicos em geral.

Além dos produtos, os supermecados e atacadões oferecem, assim como nas lojas, a oportunidade de parcelamento dos produtos adquiridos. Na maioria dos casos, a compra a prazo não é vantajosa para o consumidor, mas ele vê na parcela pequena a possibilidade de realizar a compra sem comprometer o orçamento doméstico de forma imediata.

O perigo de endividamento mora no fato de que os juros cobrados, divididos em parcelas de até 18 meses, fazem com que o consumidor pague muito mais que o valor real do produto que está comprando.

Por isso os economistas recomendam cautela antes de fechar um negócio e se informar sobre qual o percentual de juros que está sendo cobrado e o valor total do parcelamento.

Na pesquisa realizada pelo Jornal Meio Norte nos principais supermercados e atacadões que comercializam eletrodomésticos e eletroeletrônicos, alguns produtos em determinados estabelecimentos estão sendo parcelados sem juros, mas muitas vezes esse posicionamento trata-se de uma promoção, ou então, o valor dos juros já está embutido na parcela.

O ideal é tentar poupar e negociar pagamento à vista

De forma geral, o ideal é tentar poupar e fazer o pagamento à vista, negociando um desconto no preço de vitrine.

Alguns comerciantes anunciam produtos com os juros embutidos para estimular o consumidor a parcelar sua compra. Assim, eles podem efetivar a venda a prazo afirmando que o valor cobrado é o mesmo que o valor à vista.

Quando o consumidor não atenta para esses detalhes só percebe o erro ao longo do pagamento das parcelas, quando vê o quanto está pagando de fato.

Muitas vezes o consumidor fecha negócios sem sequer saber o valor dos juros que está se comprometendo a pagar. Por isso, o jornal Meio Norte elaborou essa pesquisa semanal a fim de mostrar as taxas de juros e as diferenças de preços cobrados à prazo e à vista para um mesmo produto.

O QUE DIZ A LEI - A Constituição Federal, ao tratar do Sistema Financeiro Nacional, no parágrafo 3º do artigo 192, determina que as taxas de juros reais, nelas incluídas comissões e quaisquer outras remunerações direta ou indiretamente referidas à concessão de crédito, não poderão ser superiores a doze por cento ao ano (12%).

A cobrança acima do limite de doze por cento ao ano, de acordo com a Constituição, será conceituada como crime de usura, que é punível em todas as suas modalidades por legislação própria.

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