O criador já conta com a possibilidade de ter uma cópia exata do animal preferido. A clonagem é uma novidade que chegou à reprodução de equinos no Brasil. O processo pode ser realizado tanto em caso de garanhão campeão ou de égua consagrada pelos descendentes como de animais que foram castrados, mas que poderão ser reproduzidos através de seus clones.
Os bovinos são o forte na Fazenda São Francisco, no município de Mogi-Mirim, São Paulo, onde fica a sede da In Vitro. A empresa já fez 150 clones de boi e vaca e tem nos piquetes garrotada reproduzida sem pai nem mãe. Mas o laboratório também trabalha com a clonagem de equinos, que no Brasil já passou da fase de experiência científica e é mais um produto comercial no mercado.
O biólogo americano Marc Maserati, especializado em embriões, veio ao Brasil como técnico e acabou virando sócio do negócio. Ele trabalha com um equipamento ultra-sensível: uma lente que aumenta 200 vezes e micro-injeções eletroquímicas. Assim, ele vai criando os bichinhos. De um modo simples, pode-se resumir a clonagem às seguintes etapas: retira-se uma lasquinha de tecido, do tamanho de um centímetro, do pescoço do animal a ser clonado; faz-se um cultivo celular dessa biópsia em laboratório; e as células resultantes são congeladas a 270º abaixo de zero. Então, de uma égua no cio retira-se um óvulo.
O biólogo coloca o óvulo colocado no aparelho e, com a micromanipulação, retira todo o conteúdo genético. Em seguida, ele descongela uma daquelas células do animal que será clonada e introduz o núcleo dessa célula no invólucro do óvulo. Assim, está criada uma nova vida. Levado para uma incubadora, tipo de um útero artificial, esse material vai se multiplicar e formar o embrião de um novo equininho que vem a ser, justamente, a cópia que se queria. O embrião-clone vai passar 11 meses numa receptora barriga de aluguel para se desenvolver. A taxa de sucesso na clonagem é de um potro nascido para cada 20 embriões produzidos.
No Brasil, há três equinos clonados. O projeto é da veterinária Perla Fleury, viúva do também veterinário João Fleury, que herdou do avô o famoso cavalo mangalarga Turbante Jo. Em um fato que foi capa da revista Globo Rural, graças a um pedacinho de pele que o marido mandou congelar nasceu o Turbantinho, o potro que abriu a série de clonagem de equinos no Brasil.
O gerente do haras, Antoniele Ferreira diz que, além do valor afetivo, a clonagem tem tudo para ser um bom negócio pela genética excepcional que pode oferecer. Já tem fila para comprar barrigas dos equinos clonados. No laboratório de Mogi-Mirim, Marc Maserati aguarda o nascimento de 12 clones agora no segundo semestre e já tem programada a incubação de outros 12 para a temporada 2014/2015.
De acordo com a doutora Perla Fleury, essa tecnologia é acessível a poucos. O criador que quiser clonar o cavalo gastará cerca de R$ 200 mil . Mas, o custo tende a baixar pelo leque de opções.
Em relacção à regulamentação, a Associação do Mangalarga já oficializou no Ministério da Agricultura a modificação do estatuto para aceitar os clones. Mas, fica proibida a participação desses animais em competições. Algo permitido apenas aos descendentes.