Os juros rotativos nos cartões de crédito no Brasil podem chegar a 654,02% ao ano, revelou uma pesquisa da Proteste ? Associação Brasileira de Defesa do Consumidor divulgada na última segunda-feira (29). Cobrada sobre o restante da fatura quando o cliente paga apenas o seu valor mínimo, essa taxa anual foi observada, em outras instituições bancárias, com juros desde 49,37% ao ano ? uma variação de mais de 600% sobre o mesmo produto (veja tabela abaixo).
Diante dessa diferença, uma série de medidas podem ser adotadas para evitar o endividamento e controlar melhor as finanças. Segundo o educador financeiro e presidente da Abefin (Associação Brasileira de Educadores Financeiros), Reinaldo Domingos, é necessário ter certeza de que haverá dinheiro disponível na data de vencimento para saldar a fatura, do contrário "o endividamento é inevitável?.
Domingos recomenda que o limite do cartão de crédito seja de no máximo 50% do salário ou do ganho mensal, evitando assim gastar mais do que se recebe, e sugere cautela com parcelas fixas para não comprometer o orçamento mensal no futuro, além de nunca pagar a parcela mínima do cartão.
Além disso, ele sugere ao cliente negociar uma isenção na taxa de anuidade do cartão de crédito, o que é possível obter atualmente em cartões que não cobram taxas de manutenção, e ficar atento a eventuais benefícios como prêmios e milhagens.
Taxas dos cartões
A pesquisa da Proteste mostrou ainda que os juros na função saque, cobrados quando o cliente retira o valor disponibilizado no cartão, apresenta taxas que chegam a 628,02% ao ano. O estudo revelou também que as taxas de juros no parcelamento da fatura chegam a 556,66% ao ano.
De acordo com a pesquisa, vale mais entrar no cheque especial ou até contratar um crédito pessoal do que retirar dinheiro no cartão, uma vez que neste caso os juros são maiores.
O estudo alerta que há dois tipos de cartão de crédito: básicos e diferenciado. O básico vale apenas para pagamento de contas, compras ou serviço. Já o diferenciado serve para esses serviços e também está atrelado a programas de recompensas e benefícios.
Usar o cartão no exterior, por sua vez, é recomendado só em último caso, pois além da cobrança de tarifas como IOF (Imposto sobre Operações de Crédito), de 6,38%, o cliente fica dependente da cotação do dólar, que pode ser maior no vencimento da fatura em relação ao dia da compra.