Está cada vez mais difícil manter um hábito de vida consumista. Os juros para pessoas físicas pesaram no bolso dos consumidores em fevereiro e, no cartão de crédito, a taxa anual subiu para 342,2%. Trocando em miúdos, se uma pessoa deixar de pagar R$ 100 da fatura do cartão, ao fim do mês seguinte o valor já terá saltado para R$ 112,70. Os riscos de não pagar o valor total da fatura são um pesadelo para o consumidor, pois o consumismo desvairado pode virar uma bola de neve e trazer sérios riscos para o crédito do cidadão. É o caso da publicitária Renata Reis, que já passou um verdadeiro sufoco por causa do cartão de crédito e cheque especial.
Ao solicitar um saque de R$ 200 no cartão de crédito, Renata viu a quantia aumentar dez vezes de valor por causa dos juros exorbitantes, mas hoje aprendeu a lição. Ela ainda usa o cartão de crédito, mas tenta diminuir ao máximo. “É algo viciante, antes eu usava muito o cartão. Depois que tive problemas, aprendi a pagar sempre o valor integral da fatura, mesmo que eu fique sem nenhum tostão. Uma única vez fiz a besteira de pagar o valor mínimo e no mês seguinte os juros vieram matando. Não faço mais isso”, relata. Confiar no pagamento do valor mínimo é a causa de tantos problemas com fatura de cartão, avaliam especialistas.
A tarifa mínima corresponde por 15% a 20% do valor total da fatura e, utilizando essa comodidade, o consumidor está apenas pagando o suficiente para manter o crédito, pois não apresenta vantagem nenhuma para o pagador. “Quando você paga o valor mínimo, dependendo da taxa de juros do cartão de crédito, tudo o que sobra voltará no mês seguinte acrescido de juros. Na verdade a conta não está sendo quitada e se a pessoa continuar fazendo compras, a conta virá ainda maior e pode se tornar uma bola de neve. Não é vantajoso utilizar essa prática com frequência”, destaca o educador financeiro Rommy Albuquerque.
Entretanto, o cartão de crédito não precisa ser necessariamente um vilão para o dono. Se usado com responsabilidade, pode render uma série de benefícios para o usuário, como milhas aéreas e descontos em outros produtos. Renata afirma que ficou escaldada com o cartão e hoje evita usar para fins supérfluos, como festas e lanches rápidos. “Usava muito o cartão, mas hoje estou diminuindo. Se não for usado corretamente, pode acabar com a vida de uma pessoa. Mas se fizermos bom uso, o cartão ajuda demais quando se precisa de algo, mas não tem dinheiro vivo no momento. Eu diria que ele é um vilão e aliado ao mesmo tempo”, brinca Renata.
A opinião do consultor financeiro é bastante similar. “Não vejo que o cartão de crédito seja um vilão do consumidor. Nós, educadores financeiros, não vemos o cartão como inimigo, e sim como aliado. O vilão é o hábito da pessoa em consumir. Às vezes é interessante usar o cartão, pois ele traz uma série de benefícios como milhas e descontos. Se a pessoa tem o hábito de pagar as contas em dia e em sua totalidade, não vejo motivos para ter problemas. Mas se a pessoa tem o hábito de comprar compulsivamente, ela precisará reeducar este hábito. Ou preferir compras à vista”, pontua Rommy Albuquerque.