Os juros cobrados pelos bancos em suas operações de crédito com pessoas físicas avançaram 0,5 ponto percentual em agosto deste ano, para 46,2% ao ano, segundo informações divulgadas pelo Banco Central nesta terça-feira (27). Trata-se do maior patamar desde maio deste ano, quando os juros médios de pessoas físicas estavam em 46,8% ao ano. Em julho, a taxa estava em 45,7% ao ano.
Segundo o Banco Central, é a primeira elevação dos juros bancários das pessoas físicas desde abril deste ano. A taxa de juros bancários ainda não reflete os últimos desdobramentos da economia, como a redução dos juros básicos para 12% aoa no por conta das turbulências e da possibilidade de recessão nos Estados Unidos e em algumas economias da Europa.
Taxa geral e das empresas
Segundo a autoridade monetária, a taxa média geral de juros nas operações dos bancos, englobando as operações com pessoas físicas e com empresas, somou 39,7% ao ano em agosto. Com isso, permaneceu estável frente ao patamar de julho. Já a taxa de juros médias dos bancos cobrada das empresas somou 30,9% ao ano em agosto, com recuo de 0,5 ponto percentual frente ao patamar de julho (31,4% ao ano).
Crise financeira
A nova fase da crise financeira internacional, segundo economistas, poderá contribuir para baixar os juros bancários no Brasil nos próximos meses, visto que, com a crise, a inflação tende a arrefecer - contribuindo para o recuo dos juros básicos da economia, determinados pelo BC - o que já aconteceu no fim do mês de agosto.
Emagosto, segundo o BC, já houve uma pequena queda na taxa de captação dos bancos, que ficou em 11,9% ao ano. Essa taxa está ligada aos juros do mercado futuro - que já recuaram nas últimas semanas em decorrência justamente da crise financeira. Segundo avaliação do Banco Central, geralmente os juros bancários acompanham a curva de juros futuros, o que pode significar uma tendência de queda dos juros bancários nos próximos meses.
Linhas de crédito
Na contramão do aumento dos juros bancários para pessoa física, a taxa cobrada pelos bancos nas operações com o cheque especial de pessoas físicas recuou no mês passado, quando atingiu 187,5% ao ano, contra 188% ao ano em julho. Mesmo assim, os juros do cheque especial ainda permanecem extremamente elevados se comparados com outras linhas de crédito. A taxa de juros do crédito pessoal, por exemplo, somou 49,6% ao ano, na comparação com 48,7% ao ano em julho.
No caso das linhas de crédito bancárias destinadas às empresas, a taxa do desconto de duplicatas subiu de 42,9% ao ano em julho para 43,8% ao ano em agosto. Para capital de giro, a taxa média de juros das instituições financeiras caiu de 29,8% ao ano em julho para 29,2% ao ano em agosto. Já a linha de crédito para aquisição de bens teve juros médios de 16% ao ano em agosto, contra 16,3% ao ano em julho deste ano.