Jovens preferem sites para aulas online do que emprego em banco

Ao lado da engenheira Erica Hoeveler, 30, trainee na mesma empresa, teve a ideia de abrir um negócio voltado para o atendimento imediato de estudantes

Cinthia Gaban e Erica Hoeveer | Reprodução
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Foi tentando encontrar na internet um professor para tirar dúvidas enquanto estudava para uma prova que a administradora Cinthia Gaban, 29, percebeu um nicho de mercado em 2008. Ela não conseguiu encontrar um serviço de atendimento e de contato com professores.

Na época, a administradora era trainee do HSBC. Ao lado da engenheira Erica Hoeveler, 30, trainee na mesma empresa, teve a ideia de abrir um negócio voltado para o atendimento imediato de estudantes. Estava criado o Professores de Plantão.

"Tem muito conteúdo de educação na internet, gratuito e de muita qualidade. Mas quando a pessoa precisava de uma ajuda personalizada, ela tinha de recorrer aos métodos tradicionais, ou seja, pegar a recomendação de um professor com um amigo, e até agendar com o professor levava tempo", diz Hoeveler.

No Professores de Plantão, o estudante -do ensino básico, superior ou prestando concurso- solicita a disciplina sobre a qual quer tirar dúvidas e é atendido por um professor no mesmo dia ou em uma data agendada. As aulas são dadas na própria plataforma e contam com recursos como vídeo, áudio e quadro branco.

A cobrança é feita de acordo com o tempo do atendimento, que pode ser de 20 minutos (R$ 2,00/minuto), 50 minutos (R$ 1,50/minuto) ou 100 minutos (R$ 1,25/minuto) por mês. O usuário não precisa esgotar o tempo num único atendimento, mas precisa usá-lo no período de um mês.

A concorrência de grandes empresas que oferecem cursos online de reforço escolar, como a Abril Educação, a Aprova Concursos, o Iped e o UOL Educação, não é um problema para as empresárias. Segundo elas, o diferencial de seu serviço é colocar os professores em contato rápido com alunos para responder a perguntas específicas.

"Temos uma abordagem diferente desses sites pois colocamos aluno e professor em contato direto e em tempo real, enquanto esses sites focam mais em conteúdo. É uma proposta diferente e, de certa forma, são serviços complementares", afirma Erica Hoeveler.

Do início até hoje, as empresárias estimam um investimento de R$ 400 mil, com ajuda de uma aceleradora. A plataforma hoje tem 10 mil estudantes utilizando os serviços e 4.000 professores cadastrados.

Os docentes costumam ser alunos de mestrado e doutorado e são remunerados por minuto de aula. A empresa tem ainda cinco funcionários em período integral e mais três colaboradores de design com quem trabalham diariamente.

Impulso de aceleradora permitiu que jovens deixassem emprego

No início, as duas sócias trabalhavam em dupla jornada e investiram do próprio bolso. Foram R$ 20 mil só para colocar o site no ar. A plataforma precisava de ajustes, ou seja, mais investimentos. Em 2011, veio a boa notícia: o projeto foi escolhido pela aceleradora de start-ups Wyra, que injetou R$ 100 mil e permitiu que, a partir de 2012, as duas se dedicassem exclusivamente ao próprio negócio.

"Não tínhamos experiência nem conhecimento de como era ter um negócio, lidar com questões como contador, impostos, contratações e contratos foi nossa maior dificuldade no começo. Com a aceleradora passamos a conviver mais nesse meio, conhecemos outros empreendedores e aprendemos a lidar com essas questões", afirma Hoeveler.

Os desafios a partir de agora são crescer, aumentar o lucro da empresa e também as parcerias para alcançar a meta de faturamento que, em 2015, é de R$ 1 milhão.

"O negócio é sustentável. Mas hoje tudo que entra vai para a plataforma, além dos nossos salários e do pagamento dos professores. Atualmente, o nosso salário é menor do que era no banco, pois precisamos investir o capital levantado na empresa para esta crescer, mas acreditamos que no médio, longo prazo a parte financeira terá um retorno maior do que se estivéssemos no banco", diz Hoeveler.

Start-up precisa conhecer problemas dos clientes e oferecer solução

Para crescer, as duas sócias têm dois pontos a favor: a pouca concorrência nesse formato de serviço e o fato de a área de educação estar entre as que apresentam mais oportunidades de negócios inexplorados para start-ups.

"Educação e saúde são duas áreas com grandes oportunidades para start-ups brasileiras, pois há ainda uma grande carência de aplicar tecnologia e inteligência em gestão, organização e acesso dentro dessas áreas", diz Guilherme Junqueira, diretor-executivo da ABStartups (Associação Brasileira de Startups).

Hoje, segundo a associação, do total de 2.664 start-ups brasileiras, cerca de 10% atuam na área de educação. O modelo de aproximar o cliente colocando o usuário em contato com o prestador de serviço é outro ponto forte, segundo Junqueira.

"O principal fator de sucesso de uma start-up nesta área é estar próximo ao cliente. As startups de educação que focam seu esforço inicial em descobrir e solucionar o problema de escolas, alunos, professores e outras iniciativas educacionais têm obtido resultados excelentes e minimizado riscos por construir algo que realmente entregue valor."

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