As exportações brasileiras de ovos tiveram queda em agosto de 2025. A baixa pelo segundo mês consecutivo acontece devido o recuo nos embarques da proteína in natura pelos Estados Unidos ocorre após as tarifas impostas pelo governo norte-americano.
De acordo com os dados da análise do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) do campus da Universidade de São Paulo (USP), em Piracicaba (SP), feita a partir dos dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) e divulgada nesta sexta-feira (12/09), o Japão ultrapassou os Estados Unidos e se tornou o principal comprador da proteína brasileira.
Em agosto deste ano, 2,13 mil toneladas de ovos in natura e processados produzidos pelo agronegócio brasileiro, foram comprados pelos EUA. O volume é 60% menor que o de julho. No entanto, a marca ainda é 72% superior ao de agosto de 2024, apontam os pesquisadores do Cepea.
"O Japão tornou-se o principal destino da proteína nacional no último mês, adquirindo 578 toneladas de ovos, 29% a mais que em julho. Mesmo com a retração nos últimos dois meses, o desempenho da parcial deste ano segue positivo", observa o Centro de Estudos da Esalq-USP.
Queda nos embarques em julho
O balanço das exportações brasileiras de ovos causou a inercia do movimento de alta no primeiro semestre de 2025. O primeiro recuo ocorreu em julho deste ano, marcando queda de 20% nas vendas para o exterior.
Segundo pesquisadores, essa baixa mensal acontece devido a redução de 31% na quantidade embarcada de ovos para os Estados Unidos.
"De acordo com dados da Secex, compilados e analisados pelo Cepea, o Brasil embarcou 5,26 mil toneladas de ovos in natura e processados em julho, volume 20% inferior ao de junho", aponta o Cepea.
O volume de ovos exportados foi menor entre junho e julho deste ano, mas supera em 305% o montante embarcado em julho de 2024. Para os pesquisadores do Cepea, mesmo com a queda, o Brasil se mantém como o principal destino da proteína brasileira.
Entre janeiro a agosto, o Brasil exportou cerca de 32,3 mil toneladas de ovos in natura e processados. O volume é 192,2% acima da quantidade registrada nos oito primeiros meses de 2024. Superando em 75%, o total embarcado em todo o ano passado, ainda conforme números da Secex analisados pelo Cepea.
Agosto registrou alta nas cotações
Já no mercado doméstico, as cotações dos ovos começaram em alta no mês de agosto, na maioria das regiões acompanhadas pelo Cepea. "Esse movimento foi impulsionado pelo fim das férias escolares, que favoreceu a retomada da demanda, e pelo período de início do mês, quando a população costuma estar mais capitalizada e o consumo da proteína tende a aumentar", analisa o Cepea.
Queda nos preços dos ovos em junho
Segundo boletim do Cepea, divulgado no fim do primeiro semestre de 2025, os preços do ovos caíram e alcançaram o menor patamar diário nas principais regiões produtoras no Brasil em junho.
As restrições às importações de produtos avícolas do país, impulsionadas pela gripe aviária na Europa, incluíram os ovos e também afetaram o mercado, com a interrupção da compra de carne de frango pela China, Europa e Argentina, após o 1º registro da doença no país em granja comercial.
Apesar do Brasil ter recuperado o status de livre da gripe aviária, pesquisadores do Cepea destacam que a retomada das importações dos produtos avícolas, incluindo ovos, ainda não foi totalmente reestabelecida até o momento.
O movimento de queda já havia começado em abril de 2025, quando o ovo apresentou o menor preço do ano após recordes de 40% de alta nas cotações. Em maio, o recuo nas cotações fez o mercado de ovos fechar o mês com baixa liquidez em todas as praças acompanhadas pelo Cepea. Em maio, foi registrado quedas de mais de 10% no preço dos ovos, com as médias mensais nos menores patamares desde janeiro de 2025 em todas as praças acompanhadas.
"Essa desvalorização esteve relacionada à retração da demanda e ao aumento da oferta em algumas áreas, e não ao registro de Influenza Aviária de Alta Patogenecidade (IAAP) em granja comercial de Montenegro (RS)", apontava boletim do Cepea.