No início do ano, o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e o Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) são as primeiras despesas de vulto razoável que o contribuinte precisa pagar. Municípios e Estados oferecem descontos à vista ou opção de parcelar os tributos em até dez vezes. Segundo economistas, se houver possibilidade financeira, a melhor decisão é quitar os débitos em cota única, logo no início do ano, já que é mais cômodo e pode significar ganho superior à de uma aplicação em renda fixa ao longo do período em que seria parcelado.
"Tendo como exemplo um imposto que possibilite desconto de 10% pagando em cota única ou o pagamento em dez prestações iguais (10% cada), o valor deste desconto ao final dos dez meses seria de 1,16% ao mês", explica Keyler Carvalho Costa, vice-presidente do Conselho Administrativo do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças de São Paulo (Ibef-SP).
"Esta porcentagem soma quase 15% ao ano, e é superior ao rendimento da poupança, de cerca de 8% ao ano, e dos fundos, com 9% ao ano após o desconto do Imposto de Renda". Segundo o executivo, pagar os impostos à vista é uma "aplicação sem risco nenhum e que rende mais do que as outras de baixo risco". Ele afirma ser preferível até sacar o dinheiro em algum investimento de baixa rentabilidade para quitar o tributo de uma só vez.
Planejamento
Segundo Roberto Vertamatti, conselheiro da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), o brasileiro em geral não é adepto do planejamento tributário. "O ideal seria reservar uma pequena parcela da sua receita por mês e colocar na poupança, já pensando no IPTU e no IPVA do ano seguinte, pois aí há um rendimento antes de pagar o tributo com desconto".
A recomendação de Roberto, no entanto, é de quitar o IPTU e o IPVA em uma parcela apenas se houver um desconto razoável. Usando como exemplo os tributos de São Paulo, Vertamatti afirma que o pagamento à vista ou a prazo depende do abatimento. "No caso do IPVA o desconto é de 3%, então não vale a pena. Quando o desconto não é muito significativo pode ser melhor parcelar, mas quando este for maior de 8% ou 10%, o ideal é se pagar à vista", diz.
Não se endivide
Apesar da discussão sobre pagar os tributos à vista ou a prazo, uma coisa é unanimidade entre os economistas: contrair dívidas ou empréstimos para pagar os impostos de uma só vez não é aconselhável. "Se você tiver que pegar dinheiro emprestado não vale a pena pagar em cota única", recomenda Keyler. "Não se endivide de jeito nenhum para pagar os tributos, parcele com as condições de seu Estado ou município, mas não tome financiamentos, pois o juro a ser pago será muito maior", afirma Vertamatti.