Mesmo com dívidas, brasileiros vivem com que ganham, diz Ipea

A verdade é que não temos ainda uma sociedade estruturada no crédito como é a europeia, a americana

Brasileiro vive apenas com o que ganha, diz pesquisa | Reprodução
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Uma pesquisa divulgada nesta semana pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que a maioria das famílias brasileiras afirma não ter dívidas. Segundo levantamento, feito em 3,8 mil casas em 214 municípios, 57,1% dos lares declararam não estar endividados. Por outro lado, 7,6% dos entrevistados disseram estar "muito endividados", 17% afirmaram estar "mais ou menos" endividados e 18,3% declararam ter poucas dívidas. Para um dos responsáveis pelo estudo, o analista André Calixtre, isso acontece porque apesar do aumento do acesso ao crédito pelas camadas mais pobres nos últimos anos, as modalidades de empréstimo ainda são caras.

"O acesso ao crédito é caro e há um canal de expansão possível do crédito, não só para o investimento, mas especialmente do crédito ao consumo. A verdade é que não temos ainda uma sociedade estruturada no crédito como é a europeia, a americana. As famílias brasileiras ainda vivem com o que ganham", disse.

Os números corroboram a tese de Calixto. A pesquisa mostra que a maior parte dos brasileiros - 92% - não pretende contrair empréstimos para adquirir bens ou financiar as dívidas nos próximos três meses.

Segundo o Ipea, somente 17% das famílias pesquisadas disseram ser capazes de quitar totalmente as dívidas em janeiro (quando foi feito o levantamento). Já 35% admitiram não poder pagar as contas atrasadas no mês passado. A dívida média do brasileiro atingiu R$ 4,4 mil em janeiro, o quinto menor valor da série histórica da pesquisa (que começa em agosto de 2010).

O Norte do País é a região que mais concentra endividados sem condições de honrar seus compromissos: 55% das famílias disseram não ter condições de pagar as contas atrasadas em janeiro. No Centro-Oeste e Sul do País, a situação é diferente: nenhum dos lares pesquisados admitiu impossibilidade de quitar os débitos em janeiro. A maioria afirmar ter capacidade, pelo menos em parte, de pagar as contas atrasadas.

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