A inflação oficial medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ganhou força em novembro e acelerou para 0,83%, informou nesta quarta-feira (8) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
É o maior índice mensal desde abril de 2005, quando havia atingido 0,87%, de acordo com o IBGE.
O índice engloba a variação de preços para famílias com rendimentos mensais de 1 a 40 salários mínimos, residentes nas principais áreas urbanas do país.
Mais uma vez, os alimentos foram o destaque no aumento dos preços e tiveram a maior alta desde dezembro de 2002.
De janeiro a novembro, a alta acumulada pelo IPCA é de 5,25%, acima dos 3,93% registrados em igual período de 2009. O IPCA é o indicador usado como base para as metas de inflação do governo determinadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Atualmente, a meta central para a inflação em 2010 é de 4,5%, com intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo (até 6,5%).
Na opinião de analistas do mercado financeiro consultados pelo G1, o patamar elevado da inflação é preocupante e impõe a necessidade de mais medidas do governo para controlar os preços, como aumento dos juros e artifícios para "enxugar" o mercado, como a elevação do compulsório anunciada recentemente pelo Banco Central.
"Quanto mais cedo o BC começar a elevar os juros, melhor. Vamos terminar o ano com inflação por volta de 5,8%, acima da meta, e o BC precisa recuperar sua credibilidade com o mercado", opina Luís Otávio Leal, economista-chefe do Banco ABC Brasil.
Apesar disso, Leal prevê que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central mantenha no mesmo patamar os juros nesta quarta, e só volte a elevar a taxa Selic em janeiro.
Para combater a alta dos preços, o governo usa dois ?remédios? principais: os juros, que o Banco Central eleva para frear a economia, e o controle dos gastos públicos, que incluem investimentos, programas sociais, estímulos fiscais e salários do funcionalismo público.
Em 12 meses, a inflação já acumula alta de 5,63%.
Na opinião do analista-chefe da corretora SLW, Pedro Galdi, o desempenho do IPCA para o mês, embora esperado pelo mercado, sinaliza a possível adoção de mais medidas de restrição de crédito e dinheiro no mercado.
"Esperamos não só elevação de juros, mas outras medidas "pauladas" logo no começo do ano", diz Galdi.
Comida mais cara
Mais uma vez, informou o IBGE, os alimentos foram o destaque no aumento dos preços e tiveram a maior alta desde dezembro de 2002.
"A alta do IPCA, mais uma vez, foi motivada pelo grupo Alimentação e bebidas, cujos preços aceleraram ainda mais, passando de 1,89% em outubro para 2,22% em novembro. Com isto, o impacto dos alimentos no resultado do mês chegou a 0,51 ponto percentual, o que significa que o grupo respondeu por 61% do índice", disse o IBGE em nota.
Entre os destaques no grupo, as carnes saltaram 10,67%, sendo a principal contribuição positiva do mês. Segundo o IBGE, outros alimentos também apresentaram fortes altas, como o açúcar cristal.
Preços para a baixa renda
O IBGE divulgou também os números de novembro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inlação na baixa renda para famílias com rendimento mensal de 1 a 6 salários mínimos.
O INPC apontou em novembro variação de 1,03% em novembro. No ano, o índice acumula alta de 5,83% e em 12 meses, de 6,08%. O INPC é utilizado em geral para os reajustes salariais.