Inflação alta faz Banco Central manter expectativa de juros também em alta

Especialistas avaliam que a inflação mensal ficará entre 0,60% e 0,80% nos próximos quatro meses

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Mesmo com a economia caminhando a passos lentos, o Banco Central não deve amenizar a política de aperto nos juros. Especialistas avaliam que a inflação mensal ficará entre 0,60% e 0,80% nos próximos quatro meses, muito acima do 0,37% que o Banco Central considera aceitável para que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) volte a ficar dentro da meta anual estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 4,5%. Por causa disso, o mercado acredita que o Comitê de Política Monetária (Copom), liderado pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, deve aumentar para 10% ao ano a taxa básica de juros (Selic) na reunião que acontecerá nos próximos dias 26 e 27. Hoje, ela está em 9,5% ao ano.

Como juros altos prejudicam a expansão da economia, a política monetária do BC deve entrar novamente em rota de colisão com as expectativas do Palácio do Planalto. A presidente Dilma Rousseff, que já forçou a instituição a reduzir a Selic para ?o menor nível da história?, e só recuou depois de ter ficado claro que essa política teve nítidos efeitos inflacionários, certamente deve questionar o Copom por continuar elevando as taxas com o Produto Interno Bruto (PIB) praticamente estagnado. Detentora da pior média de crescimento desde o governo Collor, a presidente não gostaria de apresentar mais um resultado pífio no ano em que submeterá às urnas seu desejo de obter mais um mandato para comandar o país.

Se o BC ceder, no entanto, jogará por terra o que resta de sua credibilidade. ?A expansão sustentável e duradoura da economia brasileira continua a ser mais uma esperança do que uma realidade. Sem contar que políticas monetária e fiscal frouxas não são suscetíveis de produzir nada além de uma inflação mais elevada a médio prazo?, avaliou o economista sênior do banco BES Investimento, Flávio Serrano. Ele prevê que o IPCA chegará a 5,7% neste ano e a 6% em 2014. ?Se a carestia, de fato, oscilar entre 0,60% e 0,80% nos próximos quatro meses, isso gerará um grande ruído no mercado, a curto prazo?, completou.

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