De todos os segmentos que são atingidos pela desaceleração do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro, a indústria sem dúvidas é o mais afetado. Segundo dados divulgados nesta sexta-feira (30) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o PIB cresceu 0,2% no primeiro trimestre deste ano em relação aos três últimos meses de 2013.
Na comparação com o mesmo período do ano passado, contudo, houve alta de 1,9%.
Enquanto o setor agropecuário cresceu 3,6% e o de serviços, 0,4%, a indústria recuou 0,8%, segundo o IBGE. Nos subsetores, a indústria de transformação caiu 0,8% e a construção civil, 2,3%. A indústria extrativa mineral cresceu 0,5% e as de eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana tiveram crescimento de 1,4%.
Antes mesmo do resultado do PIB ser anunciado, o Índice de Confiança da Indústria havia sido divulgado com queda de 5,1% em maio em relação a abril, passando de 95,6 para 90,7 pontos, segundo a FGV (Fundação Getulio Vargas). Essa foi a maior variação negativa desde dezembro de 2008. A média histórica é de 105,5 pontos.
Para estimular a economia e, principalmente, a indústria, o Banco Central decidiu manter a taxa básica de juros (Selic) em 11% na última quarta-feira (28), após série de altas consecutivas desde abril de 2013 - um acumulado de 3,75 pontos porcentuais de aumento. A manutenção da taxa, contudo, não agradou muito ao setor - que almeja a redução dos juros.
Segundo André Rebelo, assessor da presidência da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), a indústria é o setor que mais está sofrendo com a desaceleração econômica. Para ele, os fatores responsáveis pelo resultado são a alta tributação, juros elevados e a necessidade de pagamento de serviços que deveriam ser supridos pelo sistema público, como saúde e educação. "O que poderia ajudar a indústria é o aumento do investimento, mas não há previsão de que isso vá ocorrer", considera Rebelo.
Em nota, a CNI (Confederação Nacional da Indústria) destaca que o Brasil precisa adotar ações mais efetivas para aumentar a competitividade, melhorar o ambiente de negócios e recuperar a confiança dos empresários. "O crescimento apenas moderado de 0,2% do PIB no primeiro trimestre de 2014 frente ao último trimestre de 2013 é explicado principalmente pela queda na indústria e no investimento", reforça a confederação.
Em resposta ao baixo desempenho do PIB, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, culpou os juros altos e a inflação que, segundo ele, tornaram o crédito mais caro e resultaram na queda do consumo das famílias.
A Copa também não vai trazer benefícios para a indústria, uma vez que os feriados vão prejudicar a produção.