Encontrar emprego em Timon não tem sido muito fácil nos últimos anos. Prova disso é o índice de desenvolvimento municipal divulgado pela FIRJAN recentemente. Os dados usam como base o ano de 2010 e revelam a terceira queda consecutiva dos índices de emprego e renda na cidade maranhense.
Segundo o indicativo, o desenvolvimento do município é apenas regular, com 0,41 pontos em uma escala de 0 a 1, na qual 1 está mais próximo do nível máximo de desenvolvimento e 0 revela a ausência total de crescimento econômino.
Em um comparativo com todos os municípios do Brasil avaliados pela FIRJAN, Timon ficou em 2.115º lugar. Em nível estadual, o município ocupa a 26ª colocação.
A queda consecutiva nos índices de desenvolvimento que tomam como base a geração de emprego e renda em Timon começou a partir de 2008, quando caiu de 0,52 em 2007 para 0,45 no ano seguinte. Em 2009, o índice foi de 0,46 e baixou para 0,41 em 2010.
De 2004 a 2011, o número de empresas registradas, segundo dados da Secretaria de Finanças de Timon aumentou mais de 1.300%, chegando a 8.875 novos empreendimentos.
Contudo, os postos de trabalho continuam sendo insuficientes para abrigar a mão-de-obra disponível. A dificuldade de conseguir emprego faz com que os timonenses em idade produtiva recorram ao mercado de trabalho de Teresina.
O comerciário João Batista está desempregado há dois meses e sente falta das oportunidades na cidade onde mora.
?Aqui a gente não tem opção. O comércio é pequeno e as lojas empregam poucas pessoas. Por isso, a maioria dos jovens trabalha em Teresina?, afirma.
Entre os municípios do Maranhão, 7,4% encontram-se na mesma situação de desenvolvimento em relação a emprego e renda. Em nível regional, 16,7% dos municípios nordestinos foram avaliados como regulares no que se refere aos índices do FIRJAN.
Apenas 6% formam o setor produtivo
No ano de 2011, 21 mil famílias recebiam bolsa família em Timon. Em 2009, segundo artigo publicado pelo professor Sebastião Carlos da Rocha Filho, os salários da prefeitura e do INSS representaram mais de 94% do total, o que significa que a participação do setor produtivo no município é de apenas 6%.
Esses dados, portanto, podem explicar, em parte, as dificuldades de desenvolvimento econômico de Timon. Segundo o artigo do professor Sebastião, setores improdutivos produzem migração de capital e concentração de renda, provocando o aumento da miséria e da pobreza.
Dessa forma, a tendência é que as pessoas continuem dependendo de programas assistenciais do governo para complementar a renda.
Adriana de Lisboa, que mora com o esposo e a filha, é um exemplo dessa situação. Sem Bolsa Família a renda per capita na casa de Adriana é de R$ 266,00. ?Vou receber pela primeira vez o benefício e, mesmo assim, vamos continuar vivendo no limite, sem dinheiro para quase nada?, disse ela.
Renda per capita: 94% ganham até meio salário mínimo
É na rodoviária de Timon, vendendo frutas em uma pequena barraca, que Clélia Maria de Araújo tira o sustento para sobreviver.
A renda mensal de R$ 320,00 é o suficiente apenas para manter contas fixas como água, luz e alimentação para ela e uma criança de dois anos que adotou há pouco tempo. ?A mãe disse que não tinha condições de criar e me deu a menina?, conta Clélia.
Com duas pessoas morando na mesma casa, a renda per capita da família de Clélia é de apenas R$ 160,00, pouco mais que ¼ do salário mínimo. Segundo o último censo do IBGE, que tem como base o ano de 2010, 26% da população de Timon vive na mesma situação econômica da vendedora de frutas.
A pesquisa mostra ainda que 59,7% dos timonenses têm renda per capita de até meio salário mínimo, enquanto 12.592 pessoas sobrevivem com uma renda de até R$ 70,00 por mês.
Fazendo um comparativo com o município de Ribeirão Preto, em São Paulo, a pirâmide se inverte. Na cidade que possui um dos melhores índices sociais do Brasil, a renda per capita de até R$ 70,00 é realidade para 0,6% da população, enquanto 2,8% ganham até ¼ do salário mínimo e 12,8% recebem até meio salário.
Ganhando tão pouco, resta a timonenses como Clélia Maria, deixar o lazer sempre para depois e acumular os desejos de uma vida melhor e mais confortável, como se tais vontades fossem supérfluas.
?O que eu mais queria era rebocar minha casa e colocar o piso, mas a gente tem que se conformar com o que ganha. Não se pode gastar mais do que tem?, diz ela, como quem dá conselhos de economia em tempos de crise.