O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta sexta-feira (29) em Davos, na Suíça, que não existem pressões inflacionárias no Brasil e que o país tem crescimento sustentado. "O Brasil tem um processo de crescimento sustentável, porque se mantêm os fundamentos, cuidando muito da questão monetária e da questão fiscal", disse Mantega à imprensa no Fórum Econômico Mundial.
Mantega disse que a inflação não preocupa, lembrando que a alta do índice oficial de inflação, o IPCA, foi de 4,31% no ano passado e que a projeção para 2010 é de alta de 4,5%. "Nós temos um crescimento equilibrado entre demanda e investimentos. Por isso chegamos à conclusão de que o crescimento é sustentável e que terá continuidade nos próximos anos", disse o ministro, que participou de um almoço sobre o futuro do Brasil.
A inflação já preocupa outros países emergentes, como a China. A economia chinesa cresce em ritmo muito rápido, tendo se expandido 10,9% no 4º trimestre de 2009. O governo reduziu o crédito bancário para tentar segurar pressões inflacionárias.
Câmbio
Mantega disse ainda que o déficit em conta corrente também não preocupa o governo e deve ter o benefício de desvalorizar o real. Ele também disse durante o Fórum Econômico Mundial que os estímulos fiscais, na forma de cortes de impostos e isenções, não serão renovados. "Não estamos preocupados com isso porque temos grandes reservas", afirmou Mantega.
"Esse déficit auxiliará na taxa de câmbio, uma vez que pode haver uma desvalorização do real", o que torna as exportações mais competitivas, disse. O governo enfrentou forte pressão de exportadores no ano passado para que tomasse medidas que evitassem uma apreciação excessiva do real.
Dados
divulgados na semana passada mostraram que o déficit em conta corrente do Brasil chegou a US$ 24,33 bilhões em 2009, ante US$ 28,19 bilhões em 2008, após o país registrar superávits nos cinco anos anteriores. Juros
Mantega disse que não compartilha da visão do mercado de que a taxa de juros deva subir no Brasil. "Os prognósticos vêm daqueles que tirarão proveito (da elevação da Selic), que é o mercado financeiro", afirmou. "O Copom (Comitê de Política Monetária) só elevaria os juros se houvesse necessidade, com violação das metas de inflação", disse. "Não percebo rugas de preocupação na testa do (presidente do BC, Henrique) Meirelles. Ele parece tranquilo."